quinta-feira, 9 de agosto de 2007

A armadilha

Eu já cai. Você também. E nesta cíclica, todo o mundo cai. Quer um exemplo simples? "Olha só, como eu saí, até eu ri de mim". Chavões da propaganda, jingles inocentes, que estamos constantemente cantando, induzidos ao consumismo exacerbado, que tem por finalidade segregar e marginalizar, transformando classes sociais em verdadeiros pólos, cada vez mais distintos dentro da lógica capitalista. Pode não parecer, mas o que é tão embrionariamente involuntário representa a chave na economia das nações desenvolvidas.
A toda hora, somos bombardeados com toda a sorte de informações, que, por vezes se interceptam, se confundem e finalmente, se chocam no espaço real e cibernético. Este fluxo fleumático de informações nos assiste, por um ciclo vitalício, sempre a nos dobrar no cumprimento de sua vontade. Assim, fazemos publicitários estupidamente felizes e lhes concedemos plena ascenção, pois é do nosso deslumbramento que extraem seu ganha-pão, fazendo valer a máxima de Gobbels.
Entretanto, nem toda propaganda deve ser vista com tal negativismo, embora a exposição excessiva da maioria nos tente a julgá-las em uníssono. Afinal, o cartaz está aí pra lizer mesmo, como se estivesse vivo, no imperativo, "light my fire!". Cabe à cada cabeça estipular o limite, mas é aí que reside o leão. A linha tênue entre dominador e dominado tende a perder-se, em decorrência da falta de controle do ser humano frente a uma idéia tão sedutora. Saber dizer "não" é fundamental para que o público posicione-se sempre acima do apelo propagantístico, preservando, com esta atitude, sua identidade imaculada, e seu direito de escolha, sem as influências vorazes do meio externo.
Comprovadamente, o consumismo é o cancro que alguns especialistas julgam necessário para a regulamentação econômica e cultural do Estado. Todavia, é subjulgado ou intencionalmente esquecido o fato de que a demanda proposta atinge somente as classes média e alta, ao que a massa gorda que vive abaixo da linha de pobreza que olha pelo vidro tem, por direito, apenas este mesmo: o de olhar, sabendo que por mais que insista, dificilmente alcançará o patamar que almeja. E como o tráfico é maquiavélico e acessível o suficiente para esta classe, está justificado. Enquanto isso, eles sonham e alto, ao contemplar aquele lindo tênis na TV.

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