Tempo. Eis uma coisa que tem me faltado.
Incrível como certas coisas mudam tanto de uma hora pra outra. Como sua vida parece ser tão frágil, e como ela pode "rebobinar" em instantes, ao momento em que você fita a luz nos primeiros instantes de sua vida. Novembro.
Minha vida deu uma guinada muito forte esse mês. Duma hora pra outra, meu acidente epifânico foi meu batismo. Eu senti a efemeridade da minha vida, enquanto o carro girava na pista molhada. Depois, só o buraco no psicológico, um vazio, uma dor que eu não conseguia preencher com nada, por mais que estivesse no seio da minha casa, dormindo ao lado de quem amo, os olhos permaneceram abertos, por toda a madrugada.
Recuperada do trauma, a pressão. A pressão, a pressão. Na garagem, o carro me olhava, destroçado, ao que eu não sabia ao certo que fazer, o que dizer, "como foi mesmo Ana Líbia", não lembro.
Talvez tivesse sido pra ser. E Deus ou Nitiren queria que o 3 de novembro datasse o nascer de uma mulher nova, que fosse trabalhar, que fosse à luta, solo, que passasse no vestibular. Que se despisse dos resquícios de infantilidade que moravam nos seus pensamentos, e que tomasse outra postura em relação ao mundo em que vive. Que amadurecesse de dentro pra fora, configurando-se no que eu ainda estou pra me tornar.
O tempo é o sábio dos sábios, e ele sabe exatamente o que faz. Deus é tempo, porque você espera nele, e nele alcança, seja o que for. Mas meu tempo parece ter se comprimido em novembro. Sinto-me como se tivesse vivido décadas nos últimos dias, como se tivesse envelhecido.
Quod me nutrit, me detruit. Sim, porque a função do oxigênio, além de te conceber a vida, é também te oxidar. Sorte minha, eu não tenho medo disso. Eu quero envelhecer. Mas isso já é outra história que eu não vou contar hoje. :)
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