sexta-feira, 20 de julho de 2007

A gente não quer só comida

É estranho pensar na nossa vida sem um mínimo lazer. Sem bater pernas, conversar futilidades, por pouco que seja. Sentar em uma praça, despretensiosamente, e conversar, dar uma gargalhadas pra extravasar, talvez, aquele dia ruim. Mas, há algo de errado quando penso em mim e no meu momento de fuga da realidade. Por breve que ele seja, ainda que tão breve e tão barato, ele é um privilégio.
Imagina que você é um Mac Escravo Feliz. Ou aquela empregada da zona sul, que limpa com suor e sangue o pretume do chão dos seus patrões. Imagine que você é um funcionário honrado de alguma repartição particular, com uma jornada de treze horas de trabalho (acredite, existe isso ainda) e, ao fim de seu expediente, é liberado para a sua casa, onde, na sua pequena sala, descansa os pés assistindo a novela das 8. Será que é um favor que o governo conceda cultura à sua população? Não seria essa mesma novela, que entra pelos olhos involuntariamente abertos destes mesmos peões anônimos de modo vicioso, um ópio para terminar bem um dia absolutamente normal, para essa gente que se contenta com tão pouco?
Tá tudo errado. As pessoas se matam de trabalhar em suas vidas, tão individuais, para ganhar o suficiente para pagar suas contas. Para pôr o arroz e feijão, diários e imprescindíveis na mesa. Para comprar o produto de limpeza. Para manter seu feudo compactado organizado. Mas que porcaria de vida é essa? E qual o sentido dela, o que vem depois da janta na mesa, o que vem à cabeça de cada operário pela manhã que o motiva tanto para continuar uma rotina tão insípida?
Um povo pacato que se sujeita a tudo perde sua moral. O povo que se contenta com o mesmo de sempre vai ser sempre subjulgado pela mão pesada da repressão silenciosa. Vai vencer o crediário. Hoje não tem tutu. Um pouco com Deus é muito. E é nessa leva de chavões que o peixão leva, fácil fácil, muito mais daquilo que lhe é permitido levar: é através da mais consciente ingenuidade do alienado que muitos tiram muito mais da parte que lhe cabe, e como eu odeio isso. Como eu odeio saber do entretenimento barato, silenciador. Como eu odeio ouvir que hoje tem big brother, que a Siri, que o Alemão, que o raio que o partam. Como simplesmente não desce essa verdade, e quantos a alimentam e se alimentam dela sem saber que hospedam o inimigo nas costas e na cabeça. E que esse estorvo se faz presente a cada rejeição à cultura, cada repulsa a um teatro. Mas é natural. É de interesse maior, e por isso, se é induzido a crer que este seja, também, o da massa, quando ele está exatamente indo de encontro da mesma.
Você vai mesmo ligar a TV, aderir à multidão igual e entrar na estátistica do seu patrão? Dê-me licença, Gabriel, mas mude, pois quando a gente muda o mundo muda com a gente; a gente muda o mundo na mudança da mente, e quando a mente a gente anda pra frente, e quando a gente manda ninguém manda na gente...

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Até onde a internet influi na vida do homem atual?

Desde os hieroglifos que o ser humano expressa o desejo de se comunicar com os outros de sua espécie e deixar o seu legado na história, buscando referência e reconhecimento. Para isto, o mesmo utiliza-se, até hoje, de legendas muito peculiares que o identificam na sociedade, difundem sua mensagem e o alicerçam, terminantemente ao que denomina-se aldeia global.
E com a intensificação cada vez mais massificada da internet, este processo ganha dimensões inapalpáveis, no que concerne à informação ou mesmo o próprio comportamento humano, em 'sites' de relacionamento espalhados pela rede. Mas, até onde é possível delimitar a influência que exerce a internet sob os homens, sob todas as esferas?
Em favor da aceitação social, muitos daqueles que se sujeitam à rede se desconstroem, física e psicologicamente, deturpando valores, num completo amálgama existencial. Já não dicernem mais o real do abstrato, acreditando no próprio conto, o que pode ser perigoso pelo fato de uma crescente esquizofrenia poder instaurar-se, alienando, deste mesmo indíviduo, sua capacidade de relacionar-se em uma comunidade real.
Obviamente, não são todos os inseridos no mundo virtual que partilham desta mesma visão, até porque também não são todos que participam dessa inclusão tecnológica. A internet também é altamente excludente, sob estas entre outras considerações não citadas. Acontece que vive-se sob um jugo subcutâneo da propaganda positiva sobre a rede que, de tão intrínseco, torna-se quase imperceptível que se notem, também, seus males. De modo sutil, somos induzidos a pensar num maravilhoso universo, onde tudo é possível, quando de fato este é um dogma do mundo moderno e capitalista meramente contestável.
A internet, pela sua abrangência, está fora de controle. Não há filtro algum na mesma para a exposição de imagens, informações, materias de qualquer espécie. A internet pode ser uma aliada excelente em termos de conhecimento, a era 'wikipedia' é agora. Mas também pode representar a aculturação individual da pessoa que se deixa levar pela sedução de encorpar a massa 'cult' que representa essa camada dentro de nossa sociedade. A dosagem daquilo que se lê é fundamental, pois equilibra a estrutura e o pensamento de seu criador, que, em certos momentos, parece ter sido subjulgado pela própria criação.

A pirataria e sua dicotomia conjuntural

>>> A questão da pirataria tem nos tempos atuais tem um lado controverso. Quais as possíveis iniciativas para neutralizar os danos causados?

A pirataria é, hoje, um assunto em voga em termos de comunicação. Os grande núcleos empresariais e distribuidoras cinematográficas vêem nela uma concorrente em potencial, disputando o mercado devido à facilidade na adesão de tais produtos. Em contrapartida, a pirataria gera milhares de empregos no setor informal, sendo estes, a renda de incontáveis famílias que lutam silenciosamente por uma mínima ascenção, ou mesmo posicionamento social.
Várias alianças e conjurações das grandes corporações de mídia abrangentes no país são efetuadas, a fim de retaliar ou represar as atividades de pirataria, bombardeando-nos com numerosas campanhas publicitárias em defesa de seu propósito. Tais campanhas ganham ainda mais força com o apoio indireto do conhecido grupo de fiscalização "o rapa", que, em sua operação, confisca os produtos falsificados com destino ao consumo público.
Entretanto, a apreensão dessas mercadorias acarreta no embargo laboral destes comerciantes; que extraem desta prática, o seu sustento e o de suas famílias. Certos artistas também defendem a pirataria, alegando que ela possa ser uma via mais acessível na difusão de informações de importância considerável, fora de entretenimento então disponíveis restritamente às classes de maior poder aquisitivo.
Uma solução para a contensão da pirataria ainda é uma questão a ser exaustivamente estudada, vista a facilidade da profliferação dos materiais falsificados e os mecanismos para burlar as alfândegas, utilizados por aqueles que fazem desta, um meio de subsistência. Novamente, por mais bem elaborada que seja a medida adotada pelas autoridades a fim de combatê-la, a circulação ilegal de determinados produtos é crônica e, dicotômica que é a situação, é impossível haver consenso entre ambos os lados.

Os desafios de uma comunista de 18 anos

Chego à sala pela manhã, no curso. Meus pés cansados, meus olhos involuntariamente abertos. Repouso minha mochila suja na cadeira da frente, pego meus cadernos e canetas. Ouço um amigo falar do acidente aéreo em Congonhas; também manifesto meus profundos pêsames. Cada voz, uma versão. Prefiro não entrar nesse mérito, por enquanto.
O professor começa a ditar, a aula é história e o tema é bipolarização mundial e suas conseqüências. Gosto de entrar nesses temas e, sempre que possível, fazer alusões hodiernas em relação ao mesmo. O professor cita capitalismo X socialismo. Meu lado comunista começa a falar por mim, natural. Então meus colegas de classe começam a zuar, falando que, embora o socialismo seja, sim, um sistema demagogicamente bonito, ele é iniviável. Repasso, dizendo que é o pensamento individual-capitalista que nos induz a pensar exatamente assim. E fica naquele pingue-pongue.
Volto pra casa, algumas horas depois. Ao chegar à rua da minha casa, há um movimento na mesma. Olho para um lado e para o outro: a tocha olímpica vai passar. Vou andando, devagar, em direção à minha casa, quando, espreitando perto do portão, estão minhas duas primas e meu vizinho.
Ficamos conversando no portão, quando chegam dois amigos delas.
_ Ai... isso aqui tá um inferno hoje...
O amigo concorda com a menina:
_ Tá mesmo.
Ela:
_ Só gente feia
Calo. Ela, não:
_ Esse calor, essa gente feia, esses pivetinhos de colégio público... Caxias é só derrota!
_ Porque você se incomoda tanto assim com os "pivetinhos de colégio público"? - quebro o meu silêncio por insuportá-lo.
_ Ah, fala sério! Bando de gentinha!
_ Se eles fossem do PH você se importaria tanto assim?
_ Se eles fossem do PH teriam nível.
_ Nível? Defina nível.
_ Educação, boas maneiras. Resumidamente.
_ Acho que vivendo à margem da sociedade, em condições precárias, a pessoa só aprende a reproduzir o meio em que vive. E, não que não exista o contrário, mas nesse meio, o predomínio da má-educação, das boas maneiras, da gravidez aos 13 é muito comum. É quase cultural.
Não agüento mais ouvir o que ela teria a dizer e subo as escadas da minha casa. Entro no orkut e no msn, fico alguns minutos; o suficiente para ficar de saco cheio com o papo fútil dessas galeras. Um ou outro conversa sobre um tema mais relevante.
É bem difícil ser comunista aos 18 anos. Bem difícil, mesmo. A impressão que tenho é que estou nadando contra a pior correnteza. Mas quer saber? Prefiro morrer afogada a viver sem pensar por mim mesma.

domingo, 8 de julho de 2007

Minha estranha fixação pela nudez

Fato, todos nós nascemos nus. Nus, assim, desprovidos de qualquer adorno que à nossa pele cubra; coisa divina, essa de nascer nu. E essa nudez nos acompanha todos os dias de nossa vida tão barata e passageira, sempre ali, por debaixo dos medos, e da pele, e dos cheiros. Nossa nudez é a testemunha de que, dentro de cada um, reside um corpo, um corpo cálido, cheio de sinuosidades particulares, que, independente de agradar-nos ou não, existem, e, por mais que tentemos removê-las, utilizando-nos do advento das plásticas e reconstruções, estarão sempre ali, num peso irreversível denominado memória.
Não sei quanto à você, mas acontece que eu sempre gostei de ficar nua. Desde pequena. Pode soar estranho, heterodoxo, repulsivo: mas é quando me sinto livre e, tal qual anfíbio, quase respiro pela minha pele quando meu corpo encontra-se totalmente despido. E acredito, piamente, que essa sensação tão benéfica devia ser um estado coletivo às pessoas. Encontrarem-se dentro do espelho, nuas, auto-analisando-se, meticulosamente, em cada pinta, cada manchinha ou sinal; cada marca. E rir, despudoradamente, sem vergonha, afinal, o corpo humano é uma dádiva divina que somente nós temos o privilégio de usufruir.
Obviamente, nudez não é o mesmo que vulgaridade. Há nudez e há nudez. Aquelas, expostas cheias de entrelinhas de mau gosto, numa revista de baixo calão é apenas na promoção da propaganda; logo, o encanto é facilmente desfeito. Ou então, sair por aí com roupas mínimas, novamente agredindo rispidamente a beleza desse segredinho que é tão sacro a cada um: nosso corpo. O corpo nu não devia ser tabu, mas, é devido à malícia involuntária de uma sociedade imatura que esse mesmo tabu não deixa de existir. Pois, as linhas humanas despidas deviam é ser apreciadas, delicada e vagarosamente, (claro) pelos eleitos. Manuseadas com a leveza que se toca uma flor rara e aspirado na construção de grandes obras de arte.
O corpo é a legenda dos homens. A nudez é o que os devolve; ora ao pecado, ora ao divino.

sábado, 7 de julho de 2007

Visões

É estranho, para mim, ver o futuro sob uma ótica pessoal. Não consigo ver nem viver num mundo onde eu seja a prioridade, a essência, o umbigo. E é a partir desta premissa que não acredito nesse sistema falacioso que respiramos, seja pela televisão, pelo rádio, pela internet; meios de comunicação, enfim. Acho feio, fútil e fraco esse consumismo mordaz, que alguns chama de capitalismo; que é quase um sinônimo para a indiferença homem X homem, ainda que um deles esteja morrendo de fome. Acho desprezível que algumas pessoas simplesmente não se importem com a situação que vivemos, esse mundinho cada vez mais individualista, cujas pessoas são, no fundo, somente alpinistas aventureiros sozinhos, isolados; crianças tristes, de modo que justifiquem sua caçada ao fim do arco-íris como "vida". Meu Deus, quero que minha vida seja mais que uma aventura no espaço. Até onde eu pensava, viver era abraçar os outros e tomar suas chagas, como se fossem nossas; viver era desmesurar, romper a linha do lógico e, se possível, se entregar a uma causa. Porque a vida não vale nada se você não tem uma boa história pra contar; e perde sua essência pelo caminho se você não se imortaliza no olhar daqueles que conheceu. Se você não se cristaliza na saudade daqueles que encontrou.
Pretendo fazer da minha vida, mais que o curso normal das coisas. A minha intenção é mudar, mexer, saber, de alguma forma, nunca entregando-me à estacidade e ao remorso por não ter feito. Quero ouvir mais os pássaros, por isso, cuido da natureza. Quero receber mais abraços, por isso, preservo as amizades antigas e construo as novas. Quero que o amor que hoje tenho de um homem incrível nunca se perca, por isso, apesar de todas as falhas inerentes enquanto humana, tento fazer com que ele saiba, todos os dias, o quanto o amo. Quero cuidar deste mundo, e porque não, de você também.
Basta me deixar entrar.

Beijos a todos.
que lindo, acabei de criar um blog!!
bom, como eu não tenho muito o que postar, além de estar com sono, deixo essa parte para depois...
beijos aos que ficam...