Se perceberam assim que chegaram, mas não deram importância.
Ela foi encaminhada, por amigos, a uma outra ala de acesso restrito. Enquanto
isso ele dispunha de uma companhia mais líquida entre os dedos. A viu
novamente, e dessa vez, seus olhos se cruzaram de longe. Ela lhe parecia só
mais uma burguesinha inútil de camarotes. Ela não conseguiu formular uma
opinião sobre ele ali, naquele relance.
O lugar era grande, e estava cheio. Gente de todos os lugares, por todos os lugares. A noite caía, e com ela, a tolerância etílica dos presentes. Os copos iam ficando vazios e os corpos iam ficando leves, fluidos, despidos, como se de dentro deles houvesse algum tipo de energia que era, na verdade, a música; como se a música estivesse saindo dos próprios corpos das pessoas.
Tudo era toque. Toque das bocas, das mãos, numa ultrassensibilidade que parecia viajar de um corpo ao outro, a doença contagiosa benigna dos hedonistas. As pálpebras demorando uma eternidade para se encontrarem, bem como os seus olhos nos dela, que agora a tinham perdido de vista. Um homem aparentemente mais novo que ele se aproxima, toca seu ombro, o toque. Ele se deixa beijar. Ele se deixa abraçar. Ele não quer pensar.
As horas parecem sorver no suor. A musculatura flexível e ágil das línguas ao encontro umas das outras, uma com a outra, duas com uma, quatro. Uma mulher cochicha no ouvido dela, ela dá um sorriso cínico. Dois homens a tocam na cintura. Ela se deixa beijar. Ela se deixa abraçar. Ela não quer pensar.
A música parece aumentar nas cabeças das pessoas, e se propaga, e se ressemantiza e se configura numa nova música neural e inédita produzida dentro da cabeça. Música idiossincrática, música transcendental, pessoal e intransferível. Ele se sente zonzo, como se a música lhe lambesse o rosto. A música, o fantasma que tocava a todos, que desfrutava de todos ali ao mesmo tempo. Eis que ele adentra uma outra porta.
O lugar era grande, e estava cheio. Gente de todos os lugares, por todos os lugares. A noite caía, e com ela, a tolerância etílica dos presentes. Os copos iam ficando vazios e os corpos iam ficando leves, fluidos, despidos, como se de dentro deles houvesse algum tipo de energia que era, na verdade, a música; como se a música estivesse saindo dos próprios corpos das pessoas.
Tudo era toque. Toque das bocas, das mãos, numa ultrassensibilidade que parecia viajar de um corpo ao outro, a doença contagiosa benigna dos hedonistas. As pálpebras demorando uma eternidade para se encontrarem, bem como os seus olhos nos dela, que agora a tinham perdido de vista. Um homem aparentemente mais novo que ele se aproxima, toca seu ombro, o toque. Ele se deixa beijar. Ele se deixa abraçar. Ele não quer pensar.
As horas parecem sorver no suor. A musculatura flexível e ágil das línguas ao encontro umas das outras, uma com a outra, duas com uma, quatro. Uma mulher cochicha no ouvido dela, ela dá um sorriso cínico. Dois homens a tocam na cintura. Ela se deixa beijar. Ela se deixa abraçar. Ela não quer pensar.
A música parece aumentar nas cabeças das pessoas, e se propaga, e se ressemantiza e se configura numa nova música neural e inédita produzida dentro da cabeça. Música idiossincrática, música transcendental, pessoal e intransferível. Ele se sente zonzo, como se a música lhe lambesse o rosto. A música, o fantasma que tocava a todos, que desfrutava de todos ali ao mesmo tempo. Eis que ele adentra uma outra porta.
Após uma longa valsa de fluidos, o olhar dela finalmente
encontra o dele. Mais uma dança. Ela tem um par insistente que não sai de cima
de seu corpo; ele tem as mãos ocupadas com outra moça. Mais uma dança. Uma
mulher obesa ocupa-se da intimidade dela com uma perícia quase ginecológica,
enquanto ele procura se desvencilhar de um casal de gêmeos que o cerca. Ele
finalmente toca a sua mão, e ela a segura forte, em meio a um orgasmo sísmico
que a mulher lhe proporciona. Ele a beija longamente, e a convida para tomar um
sorvete.
Estão apaixonados.
Estão apaixonados.
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