domingo, 19 de maio de 2013
A morte é doce
Formigas irrisórias se alimentam dos restos de chocolate no copo esquecido sobre a mesa. Me presto a observar seus movimentos. São tão humanas. Gostam de chocolate, como os humanos. Se aproximam da lagoa doce e escura e, sendo a esmola muita, desconfiam, se retraem - o que pensaria um humano consumidor de coca-cola ao se deparar com uma piscina gigantesca da bebida? Mas, como os humanos, são vencidas pela curiosidade e pela tentação. Humanas que são, contam a novidade às outras, que vêm todas em marcha, e logo há um pequeno maracanã diminuto de formigas gritando - na sua inaudível língua de formiga ao ouvido humano - sobre aquela maravilha que encontraram. Mas como os humanos, as formigas são tolas e desatentas, e não percebem que começam a ficar lentas, que suas patas começam a ficar pesadas: elas estão tendo uma overdose, mas não conseguem parar de sugar aquele açúcar perigoso, prazeroso, aquele açúcar que a essa altura já entupiu algum ducto que daqui não consigo ver que faz com que elas respirem.
E assim, quarenta minutos depois, o que há é uma pasta fofa, confusa e uníssona de formigas defuntas que foram enganadas por um oásis doce demais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Belo texto.
Postar um comentário