sábado, 18 de abril de 2015

Perguntas de um milhão de dólares

Das minhas maiores curiosidades, entender o tempo é uma delas. Todas aquelas teorias fisicoquânticas eu acompanhei sem muito sucesso. Quantos anos envelheci em seis anos? Me peguei pensando. Quantos fios de cabelo eu perdi, quão amarelos meus dentes ficaram, quantas novas marcas eu ganhei no meu corpo? Me encontrei olhando uma fotografia em preto e branco de cinco pessoas desconhecidas em um carnaval. Sem razão aparente me detive naquela fotografia. A foto não era tão antiga, só tinha seis anos. Ou, caramba, já tinha seis anos. Quantos anos envelheci em seis anos?

A passagem do tempo não me incomoda. Juro. Mas o que me intriga é ser humana demais, e não perceber o tempo em sua horizontalidade. Basicamente é isso o que não me torna deus - se deus existir. Aliás, deve ser incrível observar o tempo sem recortes. Seria esse o único desejo para o gênio que nunca vai chegar. Aliás, se deus existir, ele vai ter que me responder um monte de coisas.

O tempo é elástico. É eterno. E é um. E eu me perco constantemente nos seus túneis. Relatividade. Olhar para as estrelas é olhar para o passado, já me disseram. Mas como é olhar fisicamente para o passado? É quando passa o grande amor da sua vida de mãos dadas com outra pessoa, e você lembra, um tanto resignada, porquê não era o grande amor da sua vida. Ou porquê foi. Pode se olhar para o horizonte, também. O horizonte, assim como as estrelas, sempre esteve lá. Ou para o tronco de uma sequóia, ou para o meu filho de dez anos.

Talvez matéria. Acho que a matéria é a resposta. Se a matéria é o tempo concreto, então, quando eu olho pra você, eu vejo o tempo, de alguma maneira. Talvez te entender seja, de alguma maneira, por mais arbitrária que seja, capturar e entender o tempo. E é bom acreditar nisso.

Obrigada.

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