quinta-feira, 16 de junho de 2016

17:28

São nos quandos e
na trepidação dos dias
que eu te vejo

você nunca está parado,
e nem existe na estabilidade mas
não foi por acaso que eu imprimi
eqüina
a força do meu peso sobre o cigarro
que descartei dois minutos depois de aceso

O cigarro tinha a cor do céu
que eu podia pisar, e pisaria até com você
mas você estava preso num escritório
a duas quadras da praia e nem verão era

você não teria nem essa desculpa para cogitar
se eu estaria jogando altinha na areia
se eu estaria tomando banho
ou uma caipirinha ou
tocando cavaquinho por alguns centavos

Mas ainda me interessam os quandos e
não por acaso hoje olhei pro céu
e não sei o que me deu mas
a hora ficou suspensa (acho que se perdeu)
porque tanto às 17:28 quanto às 5:28 o céu fica exatamente igual
e o único intervalo possível é sempre
o quando (eu já tinha te dito antes)
o único momento em que eu te vejo
é na trepidação dos dias

Em algum momento
os espaços revolucionam os cursos
em silêncio
mas disso nem eu sabia
até as 17:28 desse dia.

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