dizem da neve
a branca pele
que cobre e esquece
a carne podre das árvores
como aquelas que encontramos
guardando dentro os presentes
de outra estação
havia lá dentro uma
degeneração
um caroço
uma invasão na linha
do tempo
donde jorrava outro tempo
um ser humano com
duas colunas vertebrais rígidas
cheiro sensível ao faro
do cachorro
cólera permanente
dizem da neve
que nela cala o tempo e
acalenta cadáveres
em que trilha nos perdemos?
havia na degeneração
um ser humano com
cheiro de cachorro e
um caroço
donde jorravam colunas vertebrais rígidas
podre a carne do tempo
de cheiro sensível ao ralo
cólera permanente
dizem da neve
grande sinuca de medo
e alvoroço
mar pastoso sobre a água
adormenta e dorme estações
perdida a coleira do cachorro
havia no cheiro uma coluna
de carne rígida
uma invasão degenerativa na
linha dos olhos
cadáver dentro do ser humano
feito sequelas daquele tempo
cólera permanente na trilha onde nos perdemos.
para herberto helder/ lars von trier
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