Vais saber
Num dia, longe deste,
Todos os amores que tanto te dei
Apesar de todos estes teus gritos,
Tua relutância.
Na tua quadragésima revolução solar.
Verás
Que quando te repreendi
Não foi por mal, e sempre pensando no teu bem
Que todas as vezes que te disse palavras duras
Foi para amortecer tuas quedas
seqüenciais.
Na tua quadragésima revolução solar.
Sentirás
Toda a dor e dissabor que também experimentei
Quando deres a luz a alguém como você
Como és como eu
Tua quadragésima revolução solar.
Vais pensar
Em quantas vezes me deixaste aflita
Nas tantas vezes me encontrei chorando
Pelas agressões ditas
Quando te olhares a si mesma,
Tua quadragésima revolução solar.
Perceberás
O quanto fois pisando nas marcas que deixei pra ti
Quanto de mim que está em ti
Quanto ainda se revelará.
Na tua quadragésima revolução solar.
Vais pensar, e vais lembrar
De todas as nossas falhas, tão atreladas
Como o sangue meu, que também carregas aí dentro,
Tão dentro que não te dicernes mais onde estais.
Tua quadragésima revolução solar.
Aprenderás
Que velei tuas noites, todos os dias.
Que sofri com tuas frustrações
Que presenciei todos os teus momentos, ainda que no silêncio;
Ainda que quisesse falar.
Tua quadragésima revolução solar.
Te embevecerás
No momento epifânico em que te reconhecerás
Nua, diante do pior dos julgamentos: o teu próprio.
É quando o tempo te desferirá o mais forte dos golpes
Golpe da razão. Do amadurecimento.
E te doerás simultâneamente aliviada
Quando então todos os meus segredos te contar
A tua quadragésima revolução solar.
Para minha mãe.
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