Pensar nele me apequena, me fortalece. olhos e coração apaixonados eram capazes de transpor, sinergicamente, todo e qualquer obstáculo, ainda que fraquejasse. Ainda que não conseguisse (ele também era composto de carne e sangue). No fim das contas, ele era apenas um mortal que uma morte brutal converteu em superceleste.
Não admito que arranhem a imagem do meu herói. Que tentem distorcer, deturpar toda a jornada de vida dele e vender sua imagem, numa completa contramão de tudo o que um dia ele pregou. Sim, ele era um homem, e os homens estão permanentemente sucetíveis a errar, muitas vezes em sua vida. Meu herói é um homem, não um santo; e é por isso que está em tão enaltecido patamar: por conseguir estabelecer o paradoxo exatamente entre a mortalidade e a divindade, aproximando-se dos humanos com a candura dos anjos. Meu herói é a fusão da temerariedade típica dos aventureiros com a feição que acalma as crianças. É entusiasta, é amigo, é irmão.
Num mundo que torce a verdade e consegue, quase sempre com um sucesso assombroso corromper a moral dos homens das mais variadas camadas sociais, o homem-tocha, centro da minha admiração, ergue-se do mar de desesperança com suas asas vermelhas, permanecendo incólume à adversidade, à batalha em continuar sendo puro; como a alva rosa que despedaça-se ao vento para evitar entregar-se lentamente ao inverno que a devorará. Poucos homens seriam capazes de grandiosidade tamanha, de uma ovação desta ordem. Sacrifício e reconhecimento são duas retas pararelas durante toda a vida daqueles que assim se doam, que interceccionam-se exatamente no momento do desencarne altruísta de um homem cuja aura iluminada ganha força, e alastra-se pelo mundo, encontrando seu lugar nos corações daqueles que não sabem, sentem. E, quando esta luz encontra seu lugar, quando sabe que é definitivo, nunca mais se apaga.
Meu tributo a este homem é do tamanho do meu amor por ele e pela sua causa. Um homem que está acima das críticas rasas que línguas bifurcadas e invejosas destilam do alto do mais elevado recalque. O homem que viveu em função do outro, que deu-se inteiro para provar a verdade.
Para Ernesto, cuja luz está em mim.
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