O ser humano é naturalmente competitivo. Porém, qual surpresa é em dizer que essa competição já data de sua pré-história particular.
De repente, cópula. Mais de dois milhões de ágeis e efêmeros nadadores aventuram-se pelo escuro e escorregadio canal, do qual apenas um -três, no máximo - sairá vivo. Este é o exemplo mais primário da competitividade, ainda num breve e azóico momento do ser humano. Aqui, a competição já se fazia presente, antes mesmo da nossa existência.
Segue-se todo o processo placentário. E a mulher dá a luz a mais um pequeno competidor, que lhe reclama cobertor e alimento no primeiro instante dessa nova fase. Três anos depois, infância, e é imprescindível reiterar que é a partir daí que a criança começa a formular seus próprios valores, ainda que com uma visão muito frívola de mundo. Entretanto, estes valores são praticamente indissolúveis, e mostrarão-se fortemente atrelados ao consciente da pessoa, terminando por influir de modo lancinante, na vida adulta. Mas, voltemos à infância. O conceito de posse é análogo ao poder, de maneira direta. Você é estimado por terceiros por ter, e, conseqüentemente, é estimulado a atingir esse status - competição cruel essa, que amadurece já tão cedo, os mais tenros inocentes oom sua distorção.
Na adolescência e fase adulta, essa disputa é onipresente em qualquer sociedade; porém não deve ser encarada como individualismo, apesar de aquela acarreta neste. E é geralmente nas duas fases anteriormente referidas que a concepção pré-formulada sobre o assunto, lá na infância, finda por modelar completamente a psique humana, vindo à tona, acintosamente, pelo comportamento geral das sociedades apresentado há tempos homéricos.
A grande verdade é que o mundo é um imenso útero, no qual nós, desprotegidos espermatozóides, iguais em adversidade e uma minoria um pouco melhor em probabilidade estamos dispostos, de modo inteligente por uma força superior e muito além da mais elaborada compreensão. Sempre correndo, apressados, a fim de chegar pelo jeito mais veloz, nem sabemos bem onde; perdendo, na corrida, as impagáveis belezas do caminho. Todavia, a maior diferença entre o útero materno e o nosso planeta é que aquele é extremamente seletivo e acolhe, somente, um ou dois qualificados; ao que este é grande o bastante para abraçar-nos todos, embora o egocêntrico que existe dentro da maioria de nós queira sempre mais espaço que realmente necessita, nunca se dando a chance de ser acolhido na plenitude deste abraço.
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