terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Amargo

Beijei teu ventre, e fiz-te cócegas
Velei tuas cóleras, trouxe de outros mundos
flores para a sua curiosidade.
Caí contigo sobre chuva pesada.
Eu vi você sorrir, em algum lugar que está tão distante
em algum lugar cujo caminho não lembro.
Nos engalfinhamos, tantas vezes,
como cão e gato
como gato e rato
como Rússia e Estados Unidos
só para tanto nos demorarmos
em longos beijos e abraços incontidos.
Esse é um tempo que parece estar a tantos mares de distância
em algum buraco de fechadura da minha infância
mas que eu ainda gosto de revisitar.
Tantos conselhos te dei
e tantas vezes errei
tantas, tantas vezes não te vi chorar
enquanto você crescia,
crescia,
crescia,
enquanto você se foi por lugares que não sei.
Um dia, num amargo surto cronológio, se foi a menina roliça que usava cachinhos.
E foi essa a pior morte que experimentei.

Nenhum comentário: