quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Salomão em sonho

Sorte a tua
Que bebeu da teta da terra
Que tomou o leite turvo
De tétano
Donde boiaram os dentes de outros fósseis
Até mais fortes
Fósseis tombados

Idade do ferro
Do gosto pontiagudo
das frutas que a terra verte
O remorso afogado na lama
onde um dia tua avó lavou as vestes

Não, tu não cuspas com ingratidão
o leite desta teta pútrida
Não,
tu não quebres teu retrato de família
Tu,
Tu não vires o rosto em nojo
que a cama já está pronta
que a cama sempre esteve pronta

O leito que alenta morno
Que enegrece os órgãos internos
Mas ainda, leito
peito

Despertando o sono
A cama sempre esteve pronta.



Para Diogo.

4 comentários:

Samara Eva disse...

Augusto dos Anjos?

Achei seu blog pelo acaso do acaso e tô gostando muito.

Samara Eva disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ana Líbia disse...

Oi, Samara

Talvez tenha, sim, um pouco de Augusto dos Anjos aí, mas a verdade mesmo é que, antes desse poema ser escrito, ele foi sonhado. Isso mesmo, sonhei com ele, acordei, e escrevi.

Fique à vontade!

Beijos =)

Samara Eva disse...
Este comentário foi removido pelo autor.