Sorte a tua
Que bebeu da teta da terra
Que tomou o leite turvo
De tétano
Donde boiaram os dentes de outros fósseis
Até mais fortes
Fósseis tombados
Idade do ferro
Do gosto pontiagudo
das frutas que a terra verte
O remorso afogado na lama
onde um dia tua avó lavou as vestes
Não, tu não cuspas com ingratidão
o leite desta teta pútrida
Não,
tu não quebres teu retrato de família
Tu,
Tu não vires o rosto em nojo
que a cama já está pronta
que a cama sempre esteve pronta
O leito que alenta morno
Que enegrece os órgãos internos
Mas ainda, leito
peito
Despertando o sono
A cama sempre esteve pronta.
Para Diogo.
4 comentários:
Augusto dos Anjos?
Achei seu blog pelo acaso do acaso e tô gostando muito.
Oi, Samara
Talvez tenha, sim, um pouco de Augusto dos Anjos aí, mas a verdade mesmo é que, antes desse poema ser escrito, ele foi sonhado. Isso mesmo, sonhei com ele, acordei, e escrevi.
Fique à vontade!
Beijos =)
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