quarta-feira, 12 de outubro de 2016

sem título

os prédios refletem o humor das cidades
tossindo
entre um café e outro
numa quinta-feira de cinzas

do outro lado
tratores mastigam a rosa da terra
abrem essa fenda
funda
donde espirram cores fofas
muitas vezes sufixadas
tentativa de multiplicação - a terra é próspera

a magreza dos eucaliptos até lembra vagamente
tuas canelas
se os eucaliptos pudessem
marchariam
arregimentados
khmer verde
você, não
apesar de que, ah,
tão taurino

uma cerca branca lá longe
marca a distância pro céu e o céu está
onde
nenhum carro ônibus barco avião
qualquer coisa que não seja feita
de sangue
possa entrar

engrenagens não se arriscam
no íngreme de algumas escadas

a noite entrando no rabo da tarde
parece um pequeno fim do mundo toda vez
uma vez eu te perguntei
para onde você iria na iminência do desastre
você respondeu
hollywood

os prédios
tombando, em sequência
como dominós

ma(i)s nada está objetivamente acontecendo.

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