domingo, 9 de maio de 2021

A elegante nave

Passeia colhendo
O tempo
No escuro do tempo
A elegante nave
Cartilaginosa
Mas também, ainda,
Brinquedo caído de berço

Prima mansa de grandes
Amorais máquinas assassinas
Que hasteiam bandeira bruta
Quando conquistando territórios

Coreografa
as invisíveis ondas
E a ponta delgada de seu corpo
É nome de golpe na Bahia
Quase fantasmagórica criatura
Que flutua, bailarina
Quinosa edificação soviética

Sua forma deitada
Seu modo monacal

Uma ninfa salgada, um
milagre

Que de tão plácida e
perene
talvez nem mesmo morra
mas sonhe que adormeceu. 

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