Percebi meu coração no meio da noite. Percebi que ele batia na garganta. Mas também batia nas mãos, batia na tatuagem do meu braço esquerdo - onde se inscreve um poema sobre não-ser - e batia, inclusive, no peito. Poderia bater por tantas coisas, o meu coração, e de fato bate; bate, inclusive, pelo (im)pulso biológico da existência. Bate pela pressão alta, pela pressão atmosférica, bate sob pressão. Grande pugilista, - touros indomáveis não o alcançam - de tanto esforço, meu coração, não duvido, me trairá cedo.
Meu coração não me deixa dormir.
E eu preciso trabalhar tão cedo amanhã de manhã.
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