terça-feira, 7 de abril de 2020

Folie Imposée/ Divertimento Forçado

desce a mão burocrática
em obrigação noturna

mas também pensa
que é sonho
se não sabe
anda por mapas invertidos
recolhendo aspas
pedaços e peças perdidos

se o sonho é outro lugar
que apaga a firmeza do chão

monta ondas estrangeiras
de nuvens verdes e grosseiras
luta mortal contra uma deusa
alquebrada

asfixia a vista - assim morrem as imagens -
um universo opressor de pontos pintados
aqui e ali torcendo
todas as antigas geometrias
explodindo fogos de artifício
no céu da boca aberta

desce a mão noturna

cava a terra das pernas em busca
cega
da água da lama do ouro
dos vermes das folhas e outras coisas
sem olhos

o que traz de lá não conta
retira-se humilde
e não fecha a porta

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