As cinzas do mundo no canyon de prata
enquanto ora aos párias e às putas
mais a história que pulsa
que a história que passa
Ao capricho lunar,
bom animal
ora se encolhe, itabirana
ora se levanta, marciana.
o corpo todo é boca
e também é monstro:
os braços de pérola,
as pernas de alcatrão
Seu altar é de acúmulo: rostos e espelhos
-- inevitável a vaidade enquanto virtude --
faz miséria do afeto pouco
não se demora em lugar pequeno
Vulva inteira em negação
Onde não cabe é na casa,
na cozinha, no chá de domingo, na sala de estar
na fazenda longa de remendos das roupas
do homem que não vai voltar
Tantas as terras pisadas por seus pés
mas, leves, fincaram raiz não
menos ainda renderam frutos:
bens maiores foram outros.
O elmo loiro em sua cabeça
conta, quase discreto
é a última guerreira
duma linhagem que finda nela,
que responsabilidade.
Guerreira só
conhece a lança, a flecha, a palavra
as muitas palavras vivas e mortas
porque os bens maiores foram outros:
o mundo sabe seu nome
ela abre todas as portas
Medo secreto das despedidas
O queixo altivo toma em lugar
De si sua própria gangue,
não dói o mesmo ferimento aberto por cinquenta anos:
As verdadeiras vikings não têm medo de sangue.
Para Elke Maravilha
obrigada por aquela tarde.
quarta-feira, 20 de janeiro de 2016
quinta-feira, 14 de janeiro de 2016
Autofágico
Imagina
que inusitado
se os cânceres
tivessem cânceres
e morressem
de si mesmos
Para Alan Rickman e David Bowie
que inusitado
se os cânceres
tivessem cânceres
e morressem
de si mesmos
Para Alan Rickman e David Bowie
Eles nunca vão me pegar, não
Copacabana sob névoa. Do meio da névoa, um grito. Pega ladrão. Do meio do grito, o fantasma de um menino negro, descalço, correndo em direção ao mar. Redenção. Os gritos insistem. O menino desaparece devagar, entre a névoa e o mar.
Que meus inimigos, tendo pés, não me alcancem.
Que meus inimigos, tendo pés, não me alcancem.
Manipulação
Para cada verdade
há muitas mãos.
há muitas mãos.
quinta-feira, 7 de janeiro de 2016
Intermitência de abstinência
Me fodia a noite inteira
E por 3 meses se abstinha
Como um soldado
Como um cigano
Procurando o que já tinha
Me fodia a noite inteira
E por 3 meses se abstinha
Como um marinheiro
Pago pelo mar
Pego pelo vento
Me fodia a noite inteira
A noite inteira
E por 3 meses se abstinha
As luas todas do meu útero
Mudando de tamanho e cor
Enquanto ele não vinha
Me fodia a noite inteira
A noite inteira
E por 3 meses se abstinha
E depois, um ano mais velha
O formato do corpo dele
memorizado nas entranhas
(Sozinho o corpo sabia)
Me fodia a noite inteira
E por 3 meses se abstinha
O quarto, aberto
Ao sabor incerto
A espera dormente do retorno
que não se anuncia
Me fodia a noite inteira
E por 3 meses se abstinha
Mas após muitos sóis depostos
Muitos sóis depostos
Reclamava sua carne dos pés à espinha
E me fodia a noite inteira
A noite inteira
e por 3 meses se abstinha.
Para Diogo.
E por 3 meses se abstinha
Como um soldado
Como um cigano
Procurando o que já tinha
Me fodia a noite inteira
E por 3 meses se abstinha
Como um marinheiro
Pago pelo mar
Pego pelo vento
Me fodia a noite inteira
A noite inteira
E por 3 meses se abstinha
As luas todas do meu útero
Mudando de tamanho e cor
Enquanto ele não vinha
Me fodia a noite inteira
A noite inteira
E por 3 meses se abstinha
E depois, um ano mais velha
O formato do corpo dele
memorizado nas entranhas
(Sozinho o corpo sabia)
Me fodia a noite inteira
E por 3 meses se abstinha
O quarto, aberto
Ao sabor incerto
A espera dormente do retorno
que não se anuncia
Me fodia a noite inteira
E por 3 meses se abstinha
Mas após muitos sóis depostos
Muitos sóis depostos
Reclamava sua carne dos pés à espinha
E me fodia a noite inteira
A noite inteira
e por 3 meses se abstinha.
Para Diogo.
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