A palavra demora
quase tanto tempo pra nascer
que uma pessoa demora
na folha branca se espalha a tinta
desorganizada a tinta se esforça dentro
do perímetro em roxo pontilhado
da mão pequena que coordena
os dedos curtos equilibram
o lapis apontado
que aponta e lavra
o embrião da palavra
aquela poeta sempre soube
a palavra demora
quase tanto tempo pra nascer
quanto quem insiste em ir embora
as curvas excessivas chocam os inicios
no calor da continuidade dos exercicios
linha reta é mérito
e cedo se sabe
é preciso retidão
o tempo arrefece as ondas
e tranquiliza o traçado pela intimidade
o vermelho arruma as arestas
matura em forma e tom
a palavra, então
demora
modera
depois de tanto ser larva
entalhada na pressão silábica
quebra
racha
o repouso confirma a cisão
por sob a mão exausta
inscrita está a palavra
nascida da repetição
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