do sol
não posso dizer porque
não posso ver porque
ele não me deixa
besta fera estúpida
mas
sei dele
que esteve aqui e
quanto tempo ficou
no reflexo no estrago no consumo
da cor que havia
nas bolhas da pele e nas dobras onde
mil criaturas abomináveis estão
pacificamente assentadas
há meses
tomando a gordura quente da matéria
por estômagos impossíveis
o sol foi passando na vida
trouxe a luz a velhice o escurecimento
queimou
minhas fotografias e hipnotizou
as plantas da varanda
nem todas as luas são cheias
mas o sol
como um rio
- ele disse assim -
seu curso é fixo
o sol é branco é laranja é vermelho é
amarelo
o sol é amarelo no jardim da infância
manga fresca e descarnada
fossem possíveis dois verões
na mesma sala
Um comentário:
Belíssimo!
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