domingo, 8 de julho de 2007

Minha estranha fixação pela nudez

Fato, todos nós nascemos nus. Nus, assim, desprovidos de qualquer adorno que à nossa pele cubra; coisa divina, essa de nascer nu. E essa nudez nos acompanha todos os dias de nossa vida tão barata e passageira, sempre ali, por debaixo dos medos, e da pele, e dos cheiros. Nossa nudez é a testemunha de que, dentro de cada um, reside um corpo, um corpo cálido, cheio de sinuosidades particulares, que, independente de agradar-nos ou não, existem, e, por mais que tentemos removê-las, utilizando-nos do advento das plásticas e reconstruções, estarão sempre ali, num peso irreversível denominado memória.
Não sei quanto à você, mas acontece que eu sempre gostei de ficar nua. Desde pequena. Pode soar estranho, heterodoxo, repulsivo: mas é quando me sinto livre e, tal qual anfíbio, quase respiro pela minha pele quando meu corpo encontra-se totalmente despido. E acredito, piamente, que essa sensação tão benéfica devia ser um estado coletivo às pessoas. Encontrarem-se dentro do espelho, nuas, auto-analisando-se, meticulosamente, em cada pinta, cada manchinha ou sinal; cada marca. E rir, despudoradamente, sem vergonha, afinal, o corpo humano é uma dádiva divina que somente nós temos o privilégio de usufruir.
Obviamente, nudez não é o mesmo que vulgaridade. Há nudez e há nudez. Aquelas, expostas cheias de entrelinhas de mau gosto, numa revista de baixo calão é apenas na promoção da propaganda; logo, o encanto é facilmente desfeito. Ou então, sair por aí com roupas mínimas, novamente agredindo rispidamente a beleza desse segredinho que é tão sacro a cada um: nosso corpo. O corpo nu não devia ser tabu, mas, é devido à malícia involuntária de uma sociedade imatura que esse mesmo tabu não deixa de existir. Pois, as linhas humanas despidas deviam é ser apreciadas, delicada e vagarosamente, (claro) pelos eleitos. Manuseadas com a leveza que se toca uma flor rara e aspirado na construção de grandes obras de arte.
O corpo é a legenda dos homens. A nudez é o que os devolve; ora ao pecado, ora ao divino.

Um comentário:

Wladimir disse...

Ana, se vc pensa assim devería visitar http://www.fbrn.com.br