Vou fazer vinte anos no domingo, dia 27 de julho. E bate um medo, uma espectativa, um não-sei de coisas por dentro. Como é fazer vinte anos? Saberei. Não creio que vá mudar muita coisa, vai ser mais uma continuação dos dezenove; bem como os vinte e um será uma continuação dos vinte, e assim sucessivamente.
Mas é interessante. Apesar de eu sentir uma certa insuficiência existencial, como se fosse um vazio, por não ter feito nada realmente significativo nessas duas décadas que vivi. Isaac Newton, aos 18, já era um gênio da física; Ramanujan, matemático indiano, brincava com o dom que lhe foi dado bem antes dos 20, entre outros notáveis, que começaram a revolucionar o mundo tão cedo. Mas eu sou preguiçosa. Ai, eu admito eu sou, por isso o retardo pra mudar as coisas.
Vinte anos. Pode parecer uma preocupação tola (muitos acham que é flor da idade, mas não! é uma total torrente de preocupações e anseios), mas penso no legado que irei deixar aqui. Soa até como uma "velhice precoce", mas acho que a gente precisa deixar alguma coisa: filhos, bens (tanto materiais quanto imateriais, uma árvore, um cachorro, uma frase, o que for!
Acreditem, porque vou ser muito sincera com vocês: estou há três dias para fazer esse post. E não sei exatamente porque, nem existe razão aparente, mas ele está sendo extremamente difícil de concluir. Talvez seja proporcional à minha incapacidade de domar a espectativa em fazer aniversário; sempre gostei muito do dia 27 de julho; mas talvez seja, sim, um poquinho do esperar ansioso pelos primeiros vinte.
E vim dividir isto com vocês essa noite.
Boa noite.
quinta-feira, 24 de julho de 2008
sexta-feira, 18 de julho de 2008
Quer saber? Eu sou gordinha, sim!
Olá, cara pessoa que me lê. Sabe que hoje acordei com uma sensação estranha, de descontentamento com o meu corpo? É. Daqueles dias que a gente olha dentro do armário e consegue encontrar até Nárnia, mas não acha uma roupa que nos vista bem. Olhei copiosamente para as minhas roupas, tentando visualizar uma, só uma que me injete um mínimo de auto-estima, coisa que eu tenho precisado estes dias. Desisto.
Vou à cozinha e tomo metade de um copo de um iogurte de mamão, que eu a-do-ro. Abro os armários, mas resisto aos biscoitos salgados; prefiro esperar pelo almoço. Não sei exatamente o porquê, mas retorno ao armário e faço uma longa análise no espelho, e constato exatamente o contrário do que pensava há minutos atrás: eu não estou tão ruim assim. Não mesmo! Pensando melhor, estou até bem. Bem comigo. Sim, eu gostaria de perder bem uns... seis, sete quilos, mas nada que me entregue ao complexo. Às vezes, eu até consigo gostar das minhas 'sobras', e olha que não sou só eu quem gosta. Tem um monte de menina por aí que tá sofrendo com crises muito sérias de 'anas' e 'mias' (inclusive desejo o melhor pra elas), ao que eu só tenho a agradecer a Deus pelo corpo que me deu, ainda que com suas eventuais falhas técnicas.
Além do mais, acho que a estrutura corpórea mais "cheinha" é a mais saudável, tanto visualmente quanto tacitamente. Acho mais interessante olhar para uma mulher que represente mais o padrão "brasileiro" de massa muscular que as esquálidas modelos que só ficam bem mesmo nos editoriais de moda. Há também o fato - que muita gente acusa de "a desculpa do gordo" - de que, devido à minha estrutura ser ASSIM, mesmo que eu passe meses vomitando de cara pro vaso que eu nunca ficarei com o corpo da Natalia Vodianova ou da Agyness Deyn; porque, muito mais que uma questão de estética, é uma questão de metabolismo. O máximo que vou conseguir com isso será 1, ou a perda de uns cinco quilos ou 2, minha morte.
A verdade é que esta última checada no espelho foi boa, porque assim eu aprendo a valorizar o que de melhor há em mim: a minha autoconfiança sobre a imposição que beira a imoralidade tratando-se do pensamento coletivo a respeito do que é belo, do que é aceitável, do que é quase oficialmente requerido numa sociedade de aparências e de status, e para um determinado grupo desta mesma sociedade, é quase um escánio exibir uns pneuzinhos por aí. Mas eu faço diferente, e descobri que eu sou mais eu. E quer saber? Eu sou gordinha, sim!
Vou à cozinha e tomo metade de um copo de um iogurte de mamão, que eu a-do-ro. Abro os armários, mas resisto aos biscoitos salgados; prefiro esperar pelo almoço. Não sei exatamente o porquê, mas retorno ao armário e faço uma longa análise no espelho, e constato exatamente o contrário do que pensava há minutos atrás: eu não estou tão ruim assim. Não mesmo! Pensando melhor, estou até bem. Bem comigo. Sim, eu gostaria de perder bem uns... seis, sete quilos, mas nada que me entregue ao complexo. Às vezes, eu até consigo gostar das minhas 'sobras', e olha que não sou só eu quem gosta. Tem um monte de menina por aí que tá sofrendo com crises muito sérias de 'anas' e 'mias' (inclusive desejo o melhor pra elas), ao que eu só tenho a agradecer a Deus pelo corpo que me deu, ainda que com suas eventuais falhas técnicas.
Além do mais, acho que a estrutura corpórea mais "cheinha" é a mais saudável, tanto visualmente quanto tacitamente. Acho mais interessante olhar para uma mulher que represente mais o padrão "brasileiro" de massa muscular que as esquálidas modelos que só ficam bem mesmo nos editoriais de moda. Há também o fato - que muita gente acusa de "a desculpa do gordo" - de que, devido à minha estrutura ser ASSIM, mesmo que eu passe meses vomitando de cara pro vaso que eu nunca ficarei com o corpo da Natalia Vodianova ou da Agyness Deyn; porque, muito mais que uma questão de estética, é uma questão de metabolismo. O máximo que vou conseguir com isso será 1, ou a perda de uns cinco quilos ou 2, minha morte.
A verdade é que esta última checada no espelho foi boa, porque assim eu aprendo a valorizar o que de melhor há em mim: a minha autoconfiança sobre a imposição que beira a imoralidade tratando-se do pensamento coletivo a respeito do que é belo, do que é aceitável, do que é quase oficialmente requerido numa sociedade de aparências e de status, e para um determinado grupo desta mesma sociedade, é quase um escánio exibir uns pneuzinhos por aí. Mas eu faço diferente, e descobri que eu sou mais eu. E quer saber? Eu sou gordinha, sim!
quinta-feira, 17 de julho de 2008
Retina retém rotina
... e é isso aí mesmo.
zzz
zzz
Estrangeirismo é o cacete!
Agora vou radicalizar, meu leitor. E sabe porquê? Porque já deu no saco ler o que eu não quero por aí e ficar de boca fechada, sem me pronunciar. E dessa vez, já sei o que eu vou atacar.
Reconheço a sua razão em pensar que o tal do estrangeirismo é um assunto saturado. Eu também acho. Mas é com base justamente na repetição desse fenômeno que venho aqui protestar. QUE SACO é pegar uma revista (principalmente aquelas de moda) e me deparar com termos que não são da minha língua. O preconceito que em mim não existia definitivamente se materializou depois de hoje, quando consegui a proeza de achar, em uma única página, 9 malditas palavras abrasileiradas. O estopim? "Poás". Porra, quanto custa falar "bolinhas"? Ou então "cook designer". Tudo bem que designer é um termo sem correspondente, mas cook? Ah, faça-me o favor. Que fique anti-estético, que fique "designer de cozinha", mas, fala sério, que fique em português!
A banalização progressiva do estrangeirismo que eu vejo por aí é a responsável pelo meu repentino acesso de fúria quanto ao próprio. Ouço por aí gente falando quase em inglês, francês, sem a mínima necessidade ou noção do que diz. O que penso, de verdade, é que essas pessoas, tão pouco familiarizadas com o próprio idioma, buscam uma espécie de "glamour" na língua estrangeira, mas não se dão conta do atestado de otárias que passam a quem possui um pouco mais de conhecimento, e esse alguém não sou eu. Lógico, gente, a intenção era radicalizar, mas eu não consigo né? É claro que eu tolero um estrangeirismo "light", que não vá macular o verdadeiro sentido do que a pessoa quer dizer. Estou exausta até os ossos da cultura da futilidade, do passageiro, do entreguismo. A impressão que eu tenho é que as pessoas que recorrem a essas expressões como quem muda de roupa têm muito pouco ou nulo interesse pela língua mater, o que é tão profundamente triste. Oras, temos nossos neologismos, metáforas, eufemismos e disfemismos pra quê? Para enfeitar gramáticas e discursos empoeirados de lingüistas? NÃO!!! Eles estão aí para usarmos, até porque, nos Estados Unidos, Inglaterra e França, ninguém costuma dizer que vai cair num "samba" mesmo que vá, por mais aportuguesada que essa palavra seja e por mais carga histórico-cultural ela carregue. Lá, eles valorizam extremamente seu idioma, o que o povo daqui, na carona, podia fazer também.
Tento, ao máximo, usar do estrangeirismo só quando se torna mesmo uma ocasião inescapável. Aliás, não dá pra pedir, na lanchonete lotada, um pão com um bolo de carne triturado; é mais fácil falar hamburguer mesmo. Nem o garçom entenderia, não é mesmo? Restrinjo essa prática - a partir de hoje, semi-abolida - somente às expressões que não têm um correspondente, como o caso ilustrado. Por mais que pareça difícil, nesse nosso viver tão estupidamente digitalizado, eu vou sobreviver, ah vou! Mas, acima de tudo, vou continuar aqui, postando ora sim, ora não, as minhas desventuras, minhas indignações, minhas comédias particulares.
Em bom e claro português.
Bom dia.
Reconheço a sua razão em pensar que o tal do estrangeirismo é um assunto saturado. Eu também acho. Mas é com base justamente na repetição desse fenômeno que venho aqui protestar. QUE SACO é pegar uma revista (principalmente aquelas de moda) e me deparar com termos que não são da minha língua. O preconceito que em mim não existia definitivamente se materializou depois de hoje, quando consegui a proeza de achar, em uma única página, 9 malditas palavras abrasileiradas. O estopim? "Poás". Porra, quanto custa falar "bolinhas"? Ou então "cook designer". Tudo bem que designer é um termo sem correspondente, mas cook? Ah, faça-me o favor. Que fique anti-estético, que fique "designer de cozinha", mas, fala sério, que fique em português!
A banalização progressiva do estrangeirismo que eu vejo por aí é a responsável pelo meu repentino acesso de fúria quanto ao próprio. Ouço por aí gente falando quase em inglês, francês, sem a mínima necessidade ou noção do que diz. O que penso, de verdade, é que essas pessoas, tão pouco familiarizadas com o próprio idioma, buscam uma espécie de "glamour" na língua estrangeira, mas não se dão conta do atestado de otárias que passam a quem possui um pouco mais de conhecimento, e esse alguém não sou eu. Lógico, gente, a intenção era radicalizar, mas eu não consigo né? É claro que eu tolero um estrangeirismo "light", que não vá macular o verdadeiro sentido do que a pessoa quer dizer. Estou exausta até os ossos da cultura da futilidade, do passageiro, do entreguismo. A impressão que eu tenho é que as pessoas que recorrem a essas expressões como quem muda de roupa têm muito pouco ou nulo interesse pela língua mater, o que é tão profundamente triste. Oras, temos nossos neologismos, metáforas, eufemismos e disfemismos pra quê? Para enfeitar gramáticas e discursos empoeirados de lingüistas? NÃO!!! Eles estão aí para usarmos, até porque, nos Estados Unidos, Inglaterra e França, ninguém costuma dizer que vai cair num "samba" mesmo que vá, por mais aportuguesada que essa palavra seja e por mais carga histórico-cultural ela carregue. Lá, eles valorizam extremamente seu idioma, o que o povo daqui, na carona, podia fazer também.
Tento, ao máximo, usar do estrangeirismo só quando se torna mesmo uma ocasião inescapável. Aliás, não dá pra pedir, na lanchonete lotada, um pão com um bolo de carne triturado; é mais fácil falar hamburguer mesmo. Nem o garçom entenderia, não é mesmo? Restrinjo essa prática - a partir de hoje, semi-abolida - somente às expressões que não têm um correspondente, como o caso ilustrado. Por mais que pareça difícil, nesse nosso viver tão estupidamente digitalizado, eu vou sobreviver, ah vou! Mas, acima de tudo, vou continuar aqui, postando ora sim, ora não, as minhas desventuras, minhas indignações, minhas comédias particulares.
Em bom e claro português.
Bom dia.
sexta-feira, 11 de julho de 2008
Feliz alucinação
Invadiu a casa de Dionísio, e se sentiu na razão de fazê-lo. Seus olhos, curiosos, vorazes, varavam o lugar, que brilhava sobre a turva luz rubra, roxa, ou o que mais houvessem posto em sua bebida. Já podia sentir o odor da cópula irromper-lhe narinas adentro, passear por seu cérebro e descer ao seu própria sexo, pedindo, querendo. Derramando-se lentamente por todo o interior de seu corpo, um derramar incontido e quente num caldeirão de sensações.
Dia cheio. Ainda estava com as roupas do trabalho. Vagava silenciosamente pelas ninfas e pelos centauros daquele lugar sujo, no coração do Rio de Janeiro. Estava sem companhia, muito propositalmente. Riu-se. Dançou a música convidativa, orgiástica. Beijava quase todos os presentes, usou ácido. As ondas sônicas grudavam em seus ouvidos, incidindo sobre seus atos; todo mundo lhe beijava.
Selecionou então, no meio dos corpos quase uníssonos, uma bela ninfa. Levou-a para um outro lugar, e amou-a torridamente durante quatro ininterruptas horas. Jogou o dinheiro sobre o seu corpo nu, cuspiu nela. Voltou ao amálgama banhado pela oleosa luz irisada que saía de orifícios invisíveis. Bebeu, já sem roupa alguma, entre homens, mulheres, deuses e anjos. Sentiu então uma sensação estranha, como se alguém impertinentemente lhe observasse. A impressão começou a tornar-se progressiva, foi se distanciando das pessoas e procurando suas vestes. Não as encontrava. Uma angústia começou a apoderar-se de seu juízo, o que fez-lhe acertar uma garrafa de vinho na cabeça de um homem. Os presentes estarreceram-se com o sangue, jorrando pelo carpete branco. Seguraram-lhe. Socou a boca de uma mulher, quebrou-lhe os dentes. Livrando-se das mãos que lhe retiam, correu, como veio ao mundo pelo ambiente, procurando qualquer pano que lhe cobrisse a indesejada nudez, e saiu do recinto, num frenesi inédito.
Atropelaram-lhe na 7 de setembro, às seis e quarenta e três do domingo. Morreu com 22 anos, mas sentiu que podia morrer. Enquanto morria, ria-se. Morria feliz, as chamas do inferno envolvedo sua massa disforme outrora chamada corpo, um belo corpo. Abraçava a morte, e a morte lhe abraçava Os olhos risonhos davam adeus ao mundo, felicitados pela sorte de cerrarem-se para sempre.
Dia cheio. Ainda estava com as roupas do trabalho. Vagava silenciosamente pelas ninfas e pelos centauros daquele lugar sujo, no coração do Rio de Janeiro. Estava sem companhia, muito propositalmente. Riu-se. Dançou a música convidativa, orgiástica. Beijava quase todos os presentes, usou ácido. As ondas sônicas grudavam em seus ouvidos, incidindo sobre seus atos; todo mundo lhe beijava.
Selecionou então, no meio dos corpos quase uníssonos, uma bela ninfa. Levou-a para um outro lugar, e amou-a torridamente durante quatro ininterruptas horas. Jogou o dinheiro sobre o seu corpo nu, cuspiu nela. Voltou ao amálgama banhado pela oleosa luz irisada que saía de orifícios invisíveis. Bebeu, já sem roupa alguma, entre homens, mulheres, deuses e anjos. Sentiu então uma sensação estranha, como se alguém impertinentemente lhe observasse. A impressão começou a tornar-se progressiva, foi se distanciando das pessoas e procurando suas vestes. Não as encontrava. Uma angústia começou a apoderar-se de seu juízo, o que fez-lhe acertar uma garrafa de vinho na cabeça de um homem. Os presentes estarreceram-se com o sangue, jorrando pelo carpete branco. Seguraram-lhe. Socou a boca de uma mulher, quebrou-lhe os dentes. Livrando-se das mãos que lhe retiam, correu, como veio ao mundo pelo ambiente, procurando qualquer pano que lhe cobrisse a indesejada nudez, e saiu do recinto, num frenesi inédito.
Atropelaram-lhe na 7 de setembro, às seis e quarenta e três do domingo. Morreu com 22 anos, mas sentiu que podia morrer. Enquanto morria, ria-se. Morria feliz, as chamas do inferno envolvedo sua massa disforme outrora chamada corpo, um belo corpo. Abraçava a morte, e a morte lhe abraçava Os olhos risonhos davam adeus ao mundo, felicitados pela sorte de cerrarem-se para sempre.
terça-feira, 1 de julho de 2008
E ninguém sabe de nada / Bittersweet symphony
Boa noite, meu leitor. Tudo bem com você? Eu espero que sim. Porque comigo não está. Sabe quando você se sente como se seus sentidos estivessem dormentes, e tudo o que pensa é encontrar um lugar seguro pra chorar, se escorar? Sim, meu caro. É exatamente assim que me sinto no dia de hoje, mesmo que já tenha encontrado o tal lugar, o suposto recanto onde deveria me sentir segura (minha casa); no entanto, suas paredes me parecem frias e grandes demais.
É estranho (e incomoda) pensar que andamos nas ruas, indo em direção aos nossos afazeres, e, ao nosso lado pode estar um transeunte tão desnorteado quanto nós. A beira do suicídio. Ou que perdeu alguém muito importante, foi demitido, ou que pensa que a vida inteira desbotou, desencantou, descoloriu. E você passa por essa pessoa, cujo grito, mais nítido impossível, está nos olhos avermelhados de dor, e segue adiante. Você não a conhece, não pode ajudá-la; tem pressa da sua vida tão ocupada e egocêntrica.
Talvez mais estranho seja quando isso acontece com você. Aí, as pessoas reagem de modos diferentes: uns querem distância do mundo, uns querem abrir-se, como rosas ensangüetadas. Mas abrir-se para quem? Ligar o IPOD e ouvir aquela música depressiva? Pegar o celular e imaginar que está falando com o melhor amigo? Essas coisas não resolvem, apenas concentram ainda mais o nosso estado de baixo astral. Você está na iminência de desfalecer de desgosto, quer ensurdecer o mundo com seu lamento silencioso, e ninguém sabe de nada. Se sente desimportante, como se tudo o que tivesse vivido dos seus ? anos até agora valessem de nada; evanescessem no asfalto. E ninguém sabe de nada, ninguém está dando a mínima. Não sou hipócrita, não vou te lançar o clichê de "bola pra frente!", "sua vida começou agora", "não desista". Talvez isso seja até o certo (é), mas, dizê-lo agora pode te despertar ainda mais raiva da vida. E sei o quanto irrita, ainda que a pessoa que venha a nos tranquilizar esteja com as melhores intenções. Também não quero que você se mate, não. Acho que o mais sábio - se ainda lhe restar o mínimo de cabeça para isso - é saber aproveitar esse momento mais introspectivo para fazer uma reflexão profunda sobre o que está faltando. Ah, e se você estiver curioso porque lhe digo isso, não me sinto desconfortável (agora) em dizê-lo: fui reprovada no primeiro período em Teoria da Literatura, disciplina ministrada pelo professor Franklin Alves Dassie, da UFF. Os motivos agora não convém, mas um dia eu conto pra vocês.
Tento hoje finalizar este vômito de crônica traçando uma analogia de tudo o que disse com a música Bittersweet symphony (http://www.youtube.com/watch?v=V-Po8uJeoUw) do grupo The Verve. Acredito ser esta música o melhor retrato do desespero efêmero, da perda de controle e do caos interno que hoje se abatem sobre mim. No clipe, existe um homem que anda por uma rua, e esbarra nas pessoas, inconseqüente, desordenadamente, sem pedir desculpas, e que continua cantando. A música ajuda muito. Tem um arranjo muito bonito, apesar de que o vionloncelo introdutório me soa falsamente tranquilizador; como se fosse uma cadeira com um pé em falso, uma estrutura fictícia de solidez. Sob minha ótica, este homem, que anda sem direção, apenas está tentando conversar com os outros e expor toda a sua desventura ou parte dela. Hoje me senti assim. Fria, com cólicas menstruais pungentes, reprovada, chorando pelas ruas de Niterói, sozinha. Voltando pra casa, como quem ambiciona chegar ao nirvana da paz e da solidão.
É estranho (e incomoda) pensar que andamos nas ruas, indo em direção aos nossos afazeres, e, ao nosso lado pode estar um transeunte tão desnorteado quanto nós. A beira do suicídio. Ou que perdeu alguém muito importante, foi demitido, ou que pensa que a vida inteira desbotou, desencantou, descoloriu. E você passa por essa pessoa, cujo grito, mais nítido impossível, está nos olhos avermelhados de dor, e segue adiante. Você não a conhece, não pode ajudá-la; tem pressa da sua vida tão ocupada e egocêntrica.
Talvez mais estranho seja quando isso acontece com você. Aí, as pessoas reagem de modos diferentes: uns querem distância do mundo, uns querem abrir-se, como rosas ensangüetadas. Mas abrir-se para quem? Ligar o IPOD e ouvir aquela música depressiva? Pegar o celular e imaginar que está falando com o melhor amigo? Essas coisas não resolvem, apenas concentram ainda mais o nosso estado de baixo astral. Você está na iminência de desfalecer de desgosto, quer ensurdecer o mundo com seu lamento silencioso, e ninguém sabe de nada. Se sente desimportante, como se tudo o que tivesse vivido dos seus ? anos até agora valessem de nada; evanescessem no asfalto. E ninguém sabe de nada, ninguém está dando a mínima. Não sou hipócrita, não vou te lançar o clichê de "bola pra frente!", "sua vida começou agora", "não desista". Talvez isso seja até o certo (é), mas, dizê-lo agora pode te despertar ainda mais raiva da vida. E sei o quanto irrita, ainda que a pessoa que venha a nos tranquilizar esteja com as melhores intenções. Também não quero que você se mate, não. Acho que o mais sábio - se ainda lhe restar o mínimo de cabeça para isso - é saber aproveitar esse momento mais introspectivo para fazer uma reflexão profunda sobre o que está faltando. Ah, e se você estiver curioso porque lhe digo isso, não me sinto desconfortável (agora) em dizê-lo: fui reprovada no primeiro período em Teoria da Literatura, disciplina ministrada pelo professor Franklin Alves Dassie, da UFF. Os motivos agora não convém, mas um dia eu conto pra vocês.
Tento hoje finalizar este vômito de crônica traçando uma analogia de tudo o que disse com a música Bittersweet symphony (http://www.youtube.com/watch?v=V-Po8uJeoUw) do grupo The Verve. Acredito ser esta música o melhor retrato do desespero efêmero, da perda de controle e do caos interno que hoje se abatem sobre mim. No clipe, existe um homem que anda por uma rua, e esbarra nas pessoas, inconseqüente, desordenadamente, sem pedir desculpas, e que continua cantando. A música ajuda muito. Tem um arranjo muito bonito, apesar de que o vionloncelo introdutório me soa falsamente tranquilizador; como se fosse uma cadeira com um pé em falso, uma estrutura fictícia de solidez. Sob minha ótica, este homem, que anda sem direção, apenas está tentando conversar com os outros e expor toda a sua desventura ou parte dela. Hoje me senti assim. Fria, com cólicas menstruais pungentes, reprovada, chorando pelas ruas de Niterói, sozinha. Voltando pra casa, como quem ambiciona chegar ao nirvana da paz e da solidão.
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