sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Fale baixo!

Hoje, voltando da faculdade de ônibus, percebi que havia um pai exemplar. Atencioso com os filhos, que eram dois casais, divorciado, e um tanto quanto chateado por não poder estar com eles amanhã, num sítio em Magé. Ele provavelmente ainda tem problemas com a ex-esposa, parece não ter digerido muito bem a separação e não gosta do marido-namorado-parceiro dela. Ah, e se você está pensando que sei disso porque eu levei uma longa prosa com ele no percurso Niterói-Caxias, está enganado.
Acontece que este senhor não estava falando no celular. Ele estava aos berros, de modo que da cobradora ao motorista a conversa (e inclusive o contexto) eram perfeitamente audíveis. O cara parecia estar dando uma palestra, e de um hábito que eu o-deio, por sinal: a deselegância de não saber conversar ao celular. Fiquei pasma. E ele mesmo não estava nem aí. Falou um monte de palavrões, e, não satisfeito, fez "psiu" para a moça que estava do outro lado do corredor do ônibus e começou a contar toda a sua vida. Das duas, uma: ou é excentricidade ou carência. Extremas.
Lembro de outro dia que, também no ônibus, fui testemunha de uma memorável conversa alheia. Uma moça, aparentemente muito distinta, virou uma verdadeira metralhadora de palavras ao celular. Aquilo não irritou somente a mim, mas às outras pessoas que olhavam, curiosas, pensando haver um megafone por perto. Gente, eu acho isso tão feio! E o pior é que a conversa denunciava que a menina em questão era uma bela fofoqueira. Bom, você deve estar aí pensando: "mais fofoqueira é você, ouvindo a conversa que não lhe diz respeito!" Na verdade, no tom de voz desse tipo de pessoas, fica impossível tornar-se alheio à conversa, porque, de qualquer maneira, acaba chamando a atenção. E o ser humano é naturalmente curioso.
Nada contra mostrar que você é uma pessoa que tem sentimentos puros e reais em relação a outra. Nada mesmo. Exalte quem você ama, beije, abrace, diga todas as palavras bonitas DIANTE da pessoa, não o faça em um celular, principalmente a grandes decibéis. Até porque, como dizem por aí, a inveja tem sono leve.

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