domingo, 12 de outubro de 2008

Eu, minha melhor advogada

Sabe, leitor, quando você está no erro, sabe disso e a chata da consciência - ou o peso dela - acabam te vencendo e você se entrega e assume: "eu errei, admito. Perdão."? Pois isso não acontece comigo. Ou, se acontece, muito, mas muito esporadicamente. Eu sempre tenho um ás na manga; a indecência e a cara-de-pau de passar a mão pela minha própria cabeça, e de me defender, por maior que seja a minha culpa, e, por mais que o meu cinismo vá paulatinamente despertando nos outros uma progressiva e finalmente incontrolável vontade de meter a mão na minha cara. Morro negando se for o caso, o que é diferente de mentir esbragadamente. Mentir à toa é muito sem glamour. Não direi que não minto, mas eu evito. Quando dá.
Espero nunca precisar, mas, se por obra do acaso ou do infortúnio eu houver de disponibilizar os serviços de algum advogado de defesa, eu poupo esse dinheiro. Porque se tem uma coisa que eu faço com maestria é me defender. O que vai pegar é que de legislação eu não entendo porra nenhuma, mas qualquer coisa a gente se vira. O importante, acima de tudo, é nunca se entregar; é se dizer inocente até acreditar em si mesmo. "Não, eu não peguei". "Não, eu não tirei do lugar". "Não, eu não fiz, não, eu não quebrei". E a consciência, você vai me perguntar e, lacônica, vou te dizer que ela foi dar um rolé com o namorado, o Escrúpulos. Tá, você vai pensar que eu não presto. E quem disse que eu quero? Hahahaha!
Morro negando, fato. Se entregar é - literalmente - pros fracos.

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