Essa barra, pequena, inquieta
Pisca. Inquisitória.
Fora, outrora,
uma pena hesitante
que ansiava pelo mergulho no tinteiro.
Essa barra, irrisória
Espera por mim. Me desafia.
Fora, outrora,
O lápis que segurei aos cinco anos de idade
quando esboçava garranchosamente
o meu próprio nome.
Essa barra, que marca meu intervalo,
Esfrega toda sua recente tecnologia na minha cara
dotada do mesmo espírito que indaga de milênios atrás.
Essa barra, que nem um centímetro tem,
Sabe o que pensa. É quase diabólica
e aguarda. Por um sopro de inspiração,
por qualquer bobagem.
Essa barra, questionadora,
Me cobra. Me quer.
E conforme pisca, me pergunta:
"O que você tem a dizer?"
Essa barra, essa barra!
Tão fininha, tão maldita!
Muitas vezes esperando palavras que não posso dar-lhe;
ela é constante, eu não.
Essa barra, que corre em momentos de fertilidade literária,
Que brinca de pique-esconde em instantes de total déficit mental
É a divisa entre o 'eureka' e o 'bah',
É a escrita do bem e do mal.
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