sexta-feira, 10 de abril de 2009

A neo-cultura da foto

Confesso que adoraria criticar aqui essa coqueluche que se espalhou entre as pessoas e espezinhá-las dizendo o quão ridículo isso é. Mas me responda: como fazê-lo sendo integrante descarada dessa tribo? Não há maneira de dizer que não.
A princípio, eu achei que fosse só uma modinha que não iria demorar, mas depois de todas as raves, passeios, shows, eventos e festas que fui, constatei que a neo-cultura da foto veio pra ficar. Mas não é uma foto que se tira para guardar quando a saudade apertar, ou quando se pretende encontrar com ela para reviver um momento bom; mas cuja única finalidade é adornar focebooks, blogs, orkuts e virar fruto de vários comentários.
Bom? Ruim? Nem um, nem o outro. É tão só e simplesmente o choque de duas culturas que chegaram a um ponto de fusão. Há coisa de uns 10, 15 anos atrás, as fotos tinham esse fim, de virarem álbuns que guardávamos em alguma caixa que pensava ser coração. Mas houve uma mudança, que pode ser chamada de evolução, e hoje, com a facilidade de aquisição de câmeras digitais - a propósito, as tão exaustivamente usadas câmeras polaróides e 'toco-preto', que você colocava o olhinho e focalizava o objeto a ser fotografado já devem estar nas estantes vintage mais próximas - e a facilidade também de divulgação desse tipo de foto por toda a rede afora em questão irrisória de segundos, foram aliados nessa revolução cultural da foto. E haja photoshop, coreldraw, efeitos, técnicas; tudo para tornar uma foto comum num banner publicitário.
Não me ponho aqui como defensora de um lado ou de outro. Nada é imutável ou estaciona permanentemente no tempo. Daqui a alguns anos, quiçá, está cultura também será transposta por outra, sabe-se lá qual. Mas é interessante seu estágio contemporâneo. Acredito que nosso envelhecimento como um todo será melhor recortado e observado. Bom, quando eu tinha 18 anos eu era assim, olha o quanto eu envelheci em dois anos, etc. É a sucção da informatividade, da atualização-câncer. Todo mundo, no fundo, quer ser visto. Quer, de alguma maneira, se mostrar, dar seu melhor, passar sua mensagem com uma assinatura muito física. E não há nenhum pecado nisso.
Efêmera ou não, toda tendência reflete o timão de sua sociedade. E com a neo-cultura da foto não é diferente.

Boa segunda-feira!

Um comentário:

Lázaro Barbosa disse...

Menina, vai dizer que reparou nisso agora? haoiehaoueihaoeihueo Pois é, basta notar como é interessante o componente narcísico dessa moda: não é pouca a quantidade de fotos que uma pessoa tira de si própria, sem que outra manuseie a câmera. Eu, pessoalmente, tracei uma psicologia geral dessa galera, e a tônica dessa galera não é nada boa; mais precisamente, a maior parte deles não tem lá uma boa auto-estima...

Saudações verdes

Lázaro