quarta-feira, 18 de junho de 2008

O ateu que rezava

Não sei quanto a você, meu caro leitor, mas eu conheço muita gente. E, principalmente agora, que ingressei numa famosa faculdade fluminense que o faço ainda mais. Todo dia é alguém novo que passa por mim, me dá um amistoso “oi”, que sem custo, devolvo. São muitas tribos diferentes, muitas opiniões divergentes, muitas opiniões. A faculdade é um lugar muito produtivo, onde existe um choque diário de toda a espécie de cultura.
E é justamente sobre o comportamento de algumas pessoas dessas tribos que gostaria de abordar hoje. É uma galera tão bacana, tão charmosa, tão inteligente... mas às vezes, sinto que deixam de fazer o que mais gostam por estarem – ou se considerarem - inseridos num dado contexto. Já parei e conversei com muita gente lá da universidade, principalmente os veteranos, e só vocês vendo, quase todos uns amores, à sua maneira de sê-lo. A receptibilidade transborda-lhes o brilho dos olhos jovens. Mas a idéia que tenho é que a grande parcela dessa galera, por assimilação mesmo, passa a circular com aqueles que lhe são comuns, que partilham do mesmo ponto de vista; porém, quanto maior o grupo vai ficando, mais determinadas pessoas vão perdendo a essência de seu começo. Como um colega meu, que se diz ateu confesso para o seu grupo, mas entre a gente – nos conhecemos há pelo menos uns 7 anos – tem um estranho costume de rezar antes de dormir. Não fazemos a mesma faculdade, mas nós mantemos contato – quase sempre pelo msn – sempre que possível. Sei que vocês devem estar achando isso um absurdo em plenos anos 2000, e inclusive duvidando da veracidade de minha história, mas acreditem, meus caros; isto existe. Certamente há uma pressão social para que ele se comporte dessa forma, e não, eu não estou me destinando a fazer aqui um discurso cristão, estou meramente ilustrando uma situação.
Não é curioso que, subitamente, mudemos hábitos de uma vida inteira para nos adequarmos à outra realidade? Muitas vezes, que percamos totalmente a essência que nos acompanhou por toda a infância e pré-adolescência – sinto-me um tanto quanto imprecisa, porque essas influências podem começar na própria pré-adolescência, mas, enfim – para integrar um grupo uníssono de costumes? Acho muito, mas muito positiva mesmo essa troca constante de informação que existe dentro de grandes centros intelectuais, como colégios e faculdades; ambientes de trabalho e afins, mas eu definitivamente não admito que tentem sufocar peculiaridades que me são tão características. E a faculdade, que deveria ser um reduto da pluralidade – não de tribos, mas de todas as mentes – acaba por uniformizar todas as pessoas que pertencem à específica turma. O estereótipo é o fomento da ignorância, e isso é facilmente observado tanto pelo meio externo, que olham punks, homossexuais, hippies e comunistas com desprezo, quanto pelo próprio grupo, que acredita inutilmente que existem preceitos a serem seguidos com fidelidade, quando – penso eu - as pessoas só devem seguir com fidelidade e plenitude as coisas em que realmente acreditam.

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