terça-feira, 18 de novembro de 2008

Os homens, ah, os homens...

Vinícius cantou às mulheres. Toda a sua poesia, sua vida e seu legado estão entremeados pela sua total ode à figura feminina. Ele foi um dos maiores amantes das mulheres, no sentido devocional do termo, e deixou isto exposto para o mundo ver. É muito provável que o gene viniciano tenha morrido nos homens. Não se fazem mais homens românticos, o que é uma pena. Mas não se iluda, leitor, que de romântico Vinícius só tinha o gênero literário. Ele foi, no mais claro português, um galinha inveterado, mas inteligente. Muito inteligente, e passionalíssimo.
Como Vinícius, muitos poetas e artistas viveram intensamente, promovendo verdadeiras elegias ao sexo oposto, se dando, seja em palavras, seja com o próprio corpo. Acho isso de uma coragem e beleza incríveis. Numa sociedade que censura a mínima pisada fora da linha, estes preteriram todo o corpo fora. E chegou a minha vez, também. Abrirei o peito na direção dos canhões morais.
Os homens, ah, os homens. Magros, médios, negros, ruivos, louros. Lindos. Há uma beleza nos homens que somente um olhar feminino é capaz de contemplar com plenitude. Gosto da anatomia masculina. Gosto dos braços, dos pulsos, dos pés, das mãos dos homens. Gosto de seus pêlos. Gosto de um pomo de adão pronunciado, gosto de queixos e narizes. E, principalmente, gosto de homens naturais. Descontraídos, risonhos - ou sérios. E pênis. Aquela forma deliciosamente fálica guarda metade do segredo da vida - a outra está em nós, mulheres. O pênis masculino abre um manancial de gozo e delírio em mim. Eu gosto muito de homem.
Só uma bela figura masculina emana feromônios poderosos a todos os meus sentidos. Homens me despertam. De ternos, de fardas, de batas hippies, não importa, são homens! Os homens são lindos, lindos. Acho que, analisando por esse ângulo, entendo o motivo do homossexualismo masculino. Como resistir a um bom homem? Como passar incólume por aquele homem, sem dar uma discreta suspirada?
É difícil uma mulher, numa sociedade predominantemente machista, falar ao homem assim, principalmente sendo monogâmica, o que é o meu caso. Mas não vejo outra maneira. Aqui, estou inteiramente despida de qualquer princípio moral ou social; estou falando por mim mesma e pondo, quiçá, minha conta em risco. Me responsabilizo pelo que falo. Faço a canção ao belo, não ao promíscuo, e esse é um ponto que precisa ser levado em consideração. Mentalidades preconceituosas não conseguem dissociar isso com precisão. Elza Soares, Fafá de Belém, Zizi Possi, Leila Diniz, entre outras bravas me servem de inspiração. Elas interpretam a real beleza de um homem bonito, gostoso, sem sentir necessariamente aquele descontrole dentro de suas calcinhas. A questão aqui é de apreciação, não da banalização. Não tenho nada contra as mulheres que se relacionam com muitos homens, quem sou eu pra julgá-las? Só acho que entregas assim devem estar, primeiramente, calcadas na admiração pela figura masculina. A banalização que evidencio é a pessoa ter-se com quem quiser por mera carência ou desejo repentino, o que, aí sim, não concordo.
Mas, fora isso... os homens. Ah, os homens...

Um comentário:

Nana Bomfim disse...

Ah, os homens... Olha, ainda tento entender como conseguimos odiá-los e amá-los ao mesmo tempo. Como acabamos por nos entregar a eles, a mergulhar em apnéia mesmo que sintamos raiva (e, vamos combinar, que às vezes a raiva só torna tudo mais gostoso). Ah, como os homens são perigosos... E como nós gostamos...
Adorei o texto, Ana, cheio de sinceridade.
Talvez interpretem mal (já estamos até acostumadas com isso), mas cada um vê o que quer.

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