quarta-feira, 20 de maio de 2009

O jogo-do-contente de Benigni

Não sei se todos vocês aqui gostam de cinema cult. Essa que vos escreve gosta, e muito, e recomenda. Afinal, um filme que chafurda a tela grande de efeitos em CG deve ter - muito provavelmente, tá? - muito pouco a dizer, e sobretudo a acrescentar. Tá bom, um ou outro até vai (pra passar o tempo). Mas eu considero a musculação cerebral decorrente de uma boa sessão cult bem mais saudável.
Enfim, vamos ao que me propus. Dissociada de uma assinatura à Janot - até porque eu nunca conseguiria alcançar esse grau de intelecto - , eu gostaria de compartilhar com vocês aqui uma válida coisa que aprendi com o ilustríssimo Roberto Benigni e sua mais famosa produção, vencedora de 3 oscars pela Academia e indicada a muitas outras: "A vida é bela".
Diferente, mágico, único. Neste filme, Benigni prova que é possível viver à Pollyana mesmo nos secos tempos de guerra, mesmo que esta guerra possa retirar-lhe a vida, que, barata, pode ser deliberadamente tomada por uma fuzilada errante ou proposital. Com uma performance chapliniana, de arrancar risadas de qualquer público, sabiamente temperada com uma atuação forte e tocante, Benigni explora muito além do que um filme óbvio de guerra é capaz: ele consegue fazer humor com a temática bélica sem perder o tato da problemática muito séria que a envolve; sem se alienar. O fato de seu pai ter passado dois anos em um campo de concentração também exerce um peso bastante relevante em todo o filme.
Trata-se de um filme apaixonante. Delicioso, devorável. Eu, pelo menos, nunca havia tido o prazer de apreciar uma produção do gênero, salvo por boa parte da filmografia Chaplin que já assisti. A metáfora presente em "A vida é bela" é inconspicuamente análoga à vida real. Por mais cabeluda que possa parecer ou ser a questão, é levando-a com um pouco de frouxidão e, sim, com amor, que se tem uma percepção melhor a seu respeito, catarticamente ou não. O desespero nunca resolveu nada. É rindo das adversidades que as contornamos, e, sem demagogia alguma, eu garanto que dá certo. Tenho exemplos muito, muito próximos a mim adeptos dessa metodologia.
Fica a minha dica: assistam a esse clássico. E bebam da fonte de sabedoria de Benigni.

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