terça-feira, 9 de junho de 2009

Ao Rio

Rio. Rio.
Eu amo o Rio. Ele me é vital, e pulsa em cada um dos meus vasos sangüíneos. O Rio é mais que lindo, é mais que isso. É alguma palavra outra que ainda não inventaram, dada sua propriedade difícil de ser comportada. E sobre tudo isso, o Rio é.
Eu amo o Rio. O Rio dos estigmas. Rota 1 da prostituição internacional. Da violência ocular das calçadas, das meninas cuca-fresca de Ipanema; o Rio que não parece tão Rio de Duque de Caxias. O Rio, que só é bonito e só é Rio em sua totalidade.
O Rio é o maior caldeirão cultural do Brasil. Sei que soa por demais presunçoso isso de minha parte - visto que eu não conheço todos os Estados do Brasil - mas dada a sua complexidade espacial, me sinto confortável de apontar assim. Você anda pela Presidente Vargas e consegue identificar praticamente todos os retalhos da sociedade brasileira, ali dispersos em sutil sinergia. Chega-se à Lapa e a explosão regional que se descortina às retinas é sem dimensão, tragando todos os estilos, todas as esferas, englobando as pessoas numa tribo onde todo mundo é cada um e cada um são todos, louca e simultaneamente. O Rio é uma tribo de prazeres. Infandos, infindos.
O Rio é um deleite. Gosto de bradar, a plenos pulmões, minha carioquez, com um "x" bem arrastado no final, por favor. É bom olhar pras praias cariocas. Sentir maresia. O Rio é pluralista, desde sua concepção histórica até os dias de hoje. Há tempos que toda sorte de gentes vem desembocar aqui, constituindo o retrato da cidade como um todo, um mosaico de caras, de peles e de bocas sincrônico, embebidos de sua cultura que se costura à história do Rio. E isso é bonito demais, único demais. Se o Brasil é um país legitimadamente miscigienado, o Rio é a cidade que melhor reflete esse fenômeno - apesar de que preciso reconhecer que São Paulo, quanto a isso, não fica muito atrás. Mas é no Rio que isso se dá com maior plenitude, com maior repercussão.
E é esse Rio que eu quero. Um Rio de Janeiro cheio de máculas, de espinhos, de funk e bossa que só existe de verdade em suas esquinas com cheiro de mijo, cópula e carnaval. Minha amada cidade, paisagem-alvo de escritores, artistas, cantores e compositores que a imortalizaram em versos e sonetos apaixonados, afinal, o Rio é uma paixão pra vida inteira. Uma paixão que se imprime na pele, na ginga, na memória. O Rio é de todos que moram nele, e que o levam para onde quer que vão no recôndito do olhar.
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro... saravá!

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