Você não cansa não? No seu lugar, eu me cansaria. Afinal, todo ano é a mesma coisa: no verão, você ostenta uma copa cujo verde quase cega e faz sombra pra quem fica sob você; vem chegando o outono e o vento leva suas folhas pra longe ou ao chão (gravidade, baby). No inverno, a sua aparência é invariavelmente o plano de fundo predileto para filmes de caras como Stephen King, Hitchcock; essa galera boa. E - quanta previsibilidade! - na primavera começa tudo outra vez. E você renasce, como um bebê.
Te pergunto: qual é a graça nisso?? Você não canta, não fala, não solta um pum, não faz nada de diferente. Só serve de abrigo pra passarinho e pra cair quando tá velha, dando um tra-ba-lhão pra defesa civil. Aliás, há quanto tempo você tá aí, hein? Uma certeza eu tenho: você contabiliza o triplo da minha idade, no mínimo. Será que pensa o mesmo de mim? "Olha só, aquela besta ali, naquele quarto o tempo todo. Que tanto ela canta, que tanto se olha no espelho, que tanto escreve nesse caderno? Qual é a graça nisso??
Até que a gente se parece. Acho que é por isso que tolero você. Inclusive até me acostumei com as rugas nos seus troncos, com o som que suas folhas fazem ao vento (seria sua música?), com essa monotonia de ser o que você é. Às vezes, até consigo te achar... bonita.
É. No fundo, no fundo, é por sua causa e do resto de vocês que eu posso respirar. Obrigada.
domingo, 31 de agosto de 2008
sábado, 30 de agosto de 2008
Língua que se auto-devora
Já reparou como a gente encurta as palavras - principalmente nós, cariocas? - É medonho, mas já tá entranhado na gente duma tal forma que é irreversível. Não é preciso ir muito longe pra sentir isso. E sentir muito, com o perdão do trocadilho. Antes, a moda era falar lusitanamente, até pela nossa (infeliz) colonização. "Casar-hei, fazer-hei, "topar-hei". Mas a língua, voraz, abocanhou a letra "H" e o hífen com tanta força que as fez sumir, aglutinando todo o resto numa tão só, simples e moderna neo-estrutura: "casarei, farei, toparei". Mas isso também já está vencendo. Aliás, você não "irá gostar" deste blog; você "vai gostar" e acabou. Daqui a um tempo, vai ser só "arram" ou "ahn-ahn". E o gerúndio, coitado? Logo logo não haverá mais "D" (a língua e sua fome insaciável). É só "fazeno, dançano, cagano, moveno". E isso - pasmem! - não está errado. É só um bocado trangressão, mas errado não está.
As mudanças lingüísticas são tão sutis que às vezes faço a besteira de pensar que a língua está perdendo sua base de permanência. Mas não, não está. É só meu modo besta de pensar que é efêmero mesmo. Mas é gozado. Essas pequenas adaptações - afinal, é só isso o que elas são, adaptações, como uma puta que se adeqüa ao jeito de transar do cliente - estão aí para atender à necessidade de uma massa faminta por uma língua cada vez mais econômica, direta, que diga o que tem pra dizer e pronto. E seguindo esse vício, a língua corre também, a passadas largas, com medo de uma morte dolorosa que se chama desuso. A língua é um chicletão estatizado. Tá na boca de todos e todo mundo estica, puxa, enrola, faz o que quiser dela, alguns com um pouco de culpa e outros sem nenhuma. É assim mesmo.
A língua se auto-devora, é o maior dos origamis e se desdobra; é a escrava de uma massa cada vez mais frenética e que só sabe uma coisa: que quer falar, com uma agilidade de interpretação que beira o absurdo. Ela apenas reflete toda a cultura de um povo sedimentada nas suas costas cansadas. Mas tudo bem. Ela só existe com essa função mesmo, e não se queixa: vai estar lá, pronta pra servir e agradar a todo e qualquer um que queira utilizá-la.
As mudanças lingüísticas são tão sutis que às vezes faço a besteira de pensar que a língua está perdendo sua base de permanência. Mas não, não está. É só meu modo besta de pensar que é efêmero mesmo. Mas é gozado. Essas pequenas adaptações - afinal, é só isso o que elas são, adaptações, como uma puta que se adeqüa ao jeito de transar do cliente - estão aí para atender à necessidade de uma massa faminta por uma língua cada vez mais econômica, direta, que diga o que tem pra dizer e pronto. E seguindo esse vício, a língua corre também, a passadas largas, com medo de uma morte dolorosa que se chama desuso. A língua é um chicletão estatizado. Tá na boca de todos e todo mundo estica, puxa, enrola, faz o que quiser dela, alguns com um pouco de culpa e outros sem nenhuma. É assim mesmo.
A língua se auto-devora, é o maior dos origamis e se desdobra; é a escrava de uma massa cada vez mais frenética e que só sabe uma coisa: que quer falar, com uma agilidade de interpretação que beira o absurdo. Ela apenas reflete toda a cultura de um povo sedimentada nas suas costas cansadas. Mas tudo bem. Ela só existe com essa função mesmo, e não se queixa: vai estar lá, pronta pra servir e agradar a todo e qualquer um que queira utilizá-la.
quinta-feira, 28 de agosto de 2008
Vinte e sete
Imaginação, alada!
Poparte
Warhola!
Sentido
Figurado
Deflorado
na testa.
Cabeça vazia
Oficina gerativa, do ócio à poesia
Ponte de idéias
Debruçada nas
águas da Guanabara
Inteligência imediata
Criatividade explosivo-radioativa cheirando
a tinta e plástico
Fantástico mundo de Ana.
Poparte
Warhola!
Sentido
Figurado
Deflorado
na testa.
Cabeça vazia
Oficina gerativa, do ócio à poesia
Ponte de idéias
Debruçada nas
águas da Guanabara
Inteligência imediata
Criatividade explosivo-radioativa cheirando
a tinta e plástico
Fantástico mundo de Ana.
Expresso de mim
Achei curiosa, incomum e super interessante a idéia de uma amiga blogueira - a Nana (http://chadesaquinho.wordpress.com) - de tentar definir-se com poucas/sucintas informações. E já que ela me indicou a tarefa - e acredito, não será muito fácil - vou tentar cumpri-la. Aí vai.
Adoro o som da minha pisada nas folhas secas;
Não gosto de me sentar em consultórios e me deparar com revistas de fofoca;
Adoro dar massagem com babosa pura nos meus cabelos;
Não gosto de quando as diferenças entre mim e o meu namorado dão voz à intolerância;
Adoro sorriso de criança (especialmente de Thales, meu primo de sete anos);
Não gosto de ver criança vendendo amendoim em terminais rodoviários;
Adoro reler agendas antigas e morrer de rir com minhas 'crisinhas' de pré-adolescente;
Não gosto quando aquela mosquinha chata resolve zunir ao redor da luz;
Adoro depositar flores entre as páginas de livros grossos;
Não gosto de quando calçados fazem bolhas dolorosas nos meus pés;
Adoro encapar meus cadernos com colagens de revistas;
Não gosto de tomate;
Adoro tirar pontas duplas dos meus cabelos em aulas tediosas
Não gosto de quando a luz resolve cair justamente na hora que resolvo atualizar o blog e;
Adoro tirar fotos quando meu estrogênio está regulado.
Viram? Nem doeu.
=)
Adoro o som da minha pisada nas folhas secas;
Não gosto de me sentar em consultórios e me deparar com revistas de fofoca;
Adoro dar massagem com babosa pura nos meus cabelos;
Não gosto de quando as diferenças entre mim e o meu namorado dão voz à intolerância;
Adoro sorriso de criança (especialmente de Thales, meu primo de sete anos);
Não gosto de ver criança vendendo amendoim em terminais rodoviários;
Adoro reler agendas antigas e morrer de rir com minhas 'crisinhas' de pré-adolescente;
Não gosto quando aquela mosquinha chata resolve zunir ao redor da luz;
Adoro depositar flores entre as páginas de livros grossos;
Não gosto de quando calçados fazem bolhas dolorosas nos meus pés;
Adoro encapar meus cadernos com colagens de revistas;
Não gosto de tomate;
Adoro tirar pontas duplas dos meus cabelos em aulas tediosas
Não gosto de quando a luz resolve cair justamente na hora que resolvo atualizar o blog e;
Adoro tirar fotos quando meu estrogênio está regulado.
Viram? Nem doeu.
=)
terça-feira, 19 de agosto de 2008
Eu sou uma máquina
Não, seu pervertido, não daquilo que você está pensando aí, mas, sim, eu sou uma máquina. Uma máquina não, uma fábrica. Melhor: uma fábrica não, uma indústria. Pronto. Eu sou uma indústria. Uma indústria que produz, entre dejetos, alguma coisa 'reciclável'. Saio escrevendo, tão desvairada e ilimitadamente sobre as coisas mais banais do dia-a-dia, em qualquer superfície que se possa rabiscar. Outro dia, me peguei escrevendo numa das folhas de uma planta chamada costela-de-Adão, que fica em frente ao bloco B da UFF, como também escrevo em papel higiênico quando a poesia fica insustentavelmente pesada, - afinal, sentar no vaso e ler revista tem hora que enjoa, né? - por isso, tenho sempre à mão uma caneta onde quer que eu vá. Escrevo, exponho. Da lata do lixo à atual crise belicosa da Georgia. Como se fosse importar ou mudar a vida de alguém. Só que eu não consigo parar, porque, pra mim, escrever é tão vicioso quanto roer unha. É bom, ajuda a não atrofiar o cérebro e mantê-lo sempre em atividade; pelo menos assim diziam minhas professoras primárias, ou, com a licença sentimental, "as tias".
Eu queria escrever sobre coisas mais interessantes, temas diversificados, qualquer-coisa-que-se-sinta. Fazer literatura com tudo é vulgarizar? Ah, não sei. E não tô interessada na resposta. Marcel Duchamps transformou uma privada em arte. Caetano compôs "Você não entende nada", uma canção belíssima que trata da rotina, e foi ovacionado. Porque eu não posso usar do reles, do cotidiano para fazer algo diferente? Honestamente? É porque eu não sei mesmo. Mas deixa assim. É chato explorar um tema tão mastigado né? E a pressão ainda consegue ficar pior porque isso aqui é um blog, e quem vem aqui (os fantasmas) espera temas "cult", com uma abordagem "cult", essa roupagem tão comum aos blogs, que eu definitivamente não sei obedecer ou penso não saber. Você deve estar pensando que este post tá com cara de desabafo, né? E se for?
Mesmo assim, sem seguir o "parâmetro" - ele existe ou é só um conceito lendário? - dos blogs, eu sigo escrevendo. Porque, como os atletas da Pequim de agora, a gente só chega à excelência com muito treino, por isso, reitero: dane-se se minha escrita incomoda, ou é feia, ou sem graça. Vou aprimorá-la. Enquanto isso, continuarei essa máquina sangrativa de escrever humana.
Eu queria escrever sobre coisas mais interessantes, temas diversificados, qualquer-coisa-que-se-sinta. Fazer literatura com tudo é vulgarizar? Ah, não sei. E não tô interessada na resposta. Marcel Duchamps transformou uma privada em arte. Caetano compôs "Você não entende nada", uma canção belíssima que trata da rotina, e foi ovacionado. Porque eu não posso usar do reles, do cotidiano para fazer algo diferente? Honestamente? É porque eu não sei mesmo. Mas deixa assim. É chato explorar um tema tão mastigado né? E a pressão ainda consegue ficar pior porque isso aqui é um blog, e quem vem aqui (os fantasmas) espera temas "cult", com uma abordagem "cult", essa roupagem tão comum aos blogs, que eu definitivamente não sei obedecer ou penso não saber. Você deve estar pensando que este post tá com cara de desabafo, né? E se for?
Mesmo assim, sem seguir o "parâmetro" - ele existe ou é só um conceito lendário? - dos blogs, eu sigo escrevendo. Porque, como os atletas da Pequim de agora, a gente só chega à excelência com muito treino, por isso, reitero: dane-se se minha escrita incomoda, ou é feia, ou sem graça. Vou aprimorá-la. Enquanto isso, continuarei essa máquina sangrativa de escrever humana.
sábado, 16 de agosto de 2008
Eu e a capnolagnia
É feio gente, eu sei. Mas tá lá, e não adianta que não sai. Talvez seja até banal, boçal, mas fazer o que, né? Mas é, pelo menos, confessável.
Tá bom, depois dessa breve introdução estrategicamente anafórica, vamos ao que interessa, até porque daqui eu já consigo ver os dentes superiores de vocês indo de encontro ao lábio inferior. Eu tenho capnolagnia, e eu tenho uma certeza (quase) absoluta que eu não tô sozinha, senão a Derby, a Hollywood, a Luck Strike, a Carlton e um sem número de outras marcas de vocês já sabem o que iriam à falência. Não posso afirmar com precisão, portanto, não sei se minha capnolagnia é fruto da propaganda em massa em torno do consumo do cigarro - e num país cujo tabagismo encontra-se largamente difundido entre jovens com idades compreendidas entre 13 a 20 anos, isto pode ter lá sua relevância - ou de, quicá, uma pré-disposição genética para a coisa.
Acontece que, como uma boa menina educada no Colegio Santo Antônio das Irmãs Franciscanas de Dillingen, até os meus 12 anos, aproximadamente, eu tinha uma aversão fortíssima ao cigarro. Mas aí comecei a crescer, ver o mundo (BEM) fora do que até então pregavam as freiras de lá, e a imagem do cigarro - mais especialmente de homens fumando - me atraía, sempre, nunca soube porquê. Comecei a fumar muito nova, com 13 anos, esporadicamente. Pode soar clichê, mas não me considero uma viciada. Posso chegar a fumar até 2 cigarros por mês, no máximo, sem sentir falta deles. Acontece que sempre fico com o olhar fixo no homem que fuma, como se o "tarasse", pelo simples fato de estar fumando. O que é isso? Capnolagnia.
Não sei. Acho sexy, acho wild; aquilo ali entre os dedos dele puxa os meus olhos e eu começo a orbitar em torno daquela fumaça. Faz um mal imenso à saúde, eu tenho consciência disso. Mas até algo agressivo pode ter a sua beleza, ainda que exótica. A ilustrar, eu tive delirantes poluções noturnas depois de assistar The Doors - o filme, e não só esse. Tenho um fraco por todos os bad boys do rock, especialmente setentista, justamente por isso.
Sei que soa muito ruim da minha parte, mas nada melhor que dar uma tragada profunda depois daquela trepada - os mais conservadores que me desculpem, mas aí não cabe outro termo. Tudo bem, depois de ser abraçada pelo eleito, e ouvir o sistemático "eu te amo". Feliz ou infelizmente, o meu namorado não fuma e é veementemente contra isso; o que é bom pra minha saúde, porque desde de que oficializamos o nosso namoro, os cigarros caíram drasticamente. Sou forçada por ele a não fumar mais, e até que tenho me saído bem nisso. Fumo, pelo menos, um cigarro em uns dois meses. Não o faço para acompanhar nenhuma moda, eu gosto mesmo. Mas espero abolir o cigarro da minha vida um dia; definitivamente. Porém, o que nunca será possível extinguir de mim é a capnolagnia, até porque ela já me acompanha antes de que qualquer cultura pudesse ser imposta à minha maneira de enxergar o mundo e as coisas. Ela está lá, e explode vertiginosa e voluptuosamente dentro das minhas retinas toda vez que presencio um belo homem eliminando fumaça pelas narinas...
Tá bom, depois dessa breve introdução estrategicamente anafórica, vamos ao que interessa, até porque daqui eu já consigo ver os dentes superiores de vocês indo de encontro ao lábio inferior. Eu tenho capnolagnia, e eu tenho uma certeza (quase) absoluta que eu não tô sozinha, senão a Derby, a Hollywood, a Luck Strike, a Carlton e um sem número de outras marcas de vocês já sabem o que iriam à falência. Não posso afirmar com precisão, portanto, não sei se minha capnolagnia é fruto da propaganda em massa em torno do consumo do cigarro - e num país cujo tabagismo encontra-se largamente difundido entre jovens com idades compreendidas entre 13 a 20 anos, isto pode ter lá sua relevância - ou de, quicá, uma pré-disposição genética para a coisa.
Acontece que, como uma boa menina educada no Colegio Santo Antônio das Irmãs Franciscanas de Dillingen, até os meus 12 anos, aproximadamente, eu tinha uma aversão fortíssima ao cigarro. Mas aí comecei a crescer, ver o mundo (BEM) fora do que até então pregavam as freiras de lá, e a imagem do cigarro - mais especialmente de homens fumando - me atraía, sempre, nunca soube porquê. Comecei a fumar muito nova, com 13 anos, esporadicamente. Pode soar clichê, mas não me considero uma viciada. Posso chegar a fumar até 2 cigarros por mês, no máximo, sem sentir falta deles. Acontece que sempre fico com o olhar fixo no homem que fuma, como se o "tarasse", pelo simples fato de estar fumando. O que é isso? Capnolagnia.
Não sei. Acho sexy, acho wild; aquilo ali entre os dedos dele puxa os meus olhos e eu começo a orbitar em torno daquela fumaça. Faz um mal imenso à saúde, eu tenho consciência disso. Mas até algo agressivo pode ter a sua beleza, ainda que exótica. A ilustrar, eu tive delirantes poluções noturnas depois de assistar The Doors - o filme, e não só esse. Tenho um fraco por todos os bad boys do rock, especialmente setentista, justamente por isso.
Sei que soa muito ruim da minha parte, mas nada melhor que dar uma tragada profunda depois daquela trepada - os mais conservadores que me desculpem, mas aí não cabe outro termo. Tudo bem, depois de ser abraçada pelo eleito, e ouvir o sistemático "eu te amo". Feliz ou infelizmente, o meu namorado não fuma e é veementemente contra isso; o que é bom pra minha saúde, porque desde de que oficializamos o nosso namoro, os cigarros caíram drasticamente. Sou forçada por ele a não fumar mais, e até que tenho me saído bem nisso. Fumo, pelo menos, um cigarro em uns dois meses. Não o faço para acompanhar nenhuma moda, eu gosto mesmo. Mas espero abolir o cigarro da minha vida um dia; definitivamente. Porém, o que nunca será possível extinguir de mim é a capnolagnia, até porque ela já me acompanha antes de que qualquer cultura pudesse ser imposta à minha maneira de enxergar o mundo e as coisas. Ela está lá, e explode vertiginosa e voluptuosamente dentro das minhas retinas toda vez que presencio um belo homem eliminando fumaça pelas narinas...
sexta-feira, 15 de agosto de 2008
Antes que a vontade passe
Não quero que o post de hoje soe como uma espécie de auto-ajuda, portanto, não acho interessante que você o leia com esse direcionamento. É mais pra exprimir o que eu penso.
Às vezes eu deixo muita coisa passar, mesmo estando com vontade de concretizá-las. Comprar um livro, tirar uma xérox, ir à dermatologista; coisas reles mesmo, que, apesar de reles, apenas refletem o meu descompromisso com a minha própria vontade. Hoje acordei pensando nisso, e talvez a incidência de um pensamento possa ser o feto da mudança, né?
Há dois dias eu cismei que ia cortar o cabelo. Muitas pessoas foram contra, falaram que tava bonito grande, e só uma menina - que também lê este blog e o corte se deve, um tanto, pela força dela - foi favorável à minha idéia. Fiquei nesse chove-não-molha, até tomar a decisão e decidir pela vontade. Sim, a vontade venceu o cansaço! Mas e se tivesse perdido? E se eu não tivesse cortado? Bom, isto só as mechas - que não foram poucas - espalhadas pelo chão do salão da Vanda, que é quase uma tia, podem dizer, ou se lamentar a respeito. Acontece que foi uma mudança legal, tava mesmo precisando disso, uma repaginada. Literalmente, um peso foi embora.
Acredito que a gente deixa, voluntariamente, oportunidades únicas escaparem pelos dedos, simplesmente por ter preguiça ou medo. É essa poeira que se aloja sobre a nossa própria vontade que acaba asfixiando qualquer mudança realmente significativa. Daqui pra frente, tentarei fazer o máximo possível das minhas próprias vontades, juro a mim mesma. Não quero que minhas vontades, ainda que momentâneas, se reduzam a desejos cristalizados - e irrealizados - até se perderem no tempo. Tirando as vontades meio doidas - de me matar, de querer terminar com o Jefferson por briguinhas simples, de fugir de casa, entre um sem número de outras - acho que quase toda vontade está no limiar da concretização. Esse próprio post é um exemplo disso. Comecei a pensar no que escreveria, e antes que as idéias me fugissem, tratei de pô-las num papel, porque estava com vontade e, se eu deixasse passar, este post não existiria. E é por isso que pra mim, chega da velha máxima de que "vontade dá e passa". Pelo menos agora, a vontade dá, sim; mas só vai passar depois que eu torná-la concreta.
Às vezes eu deixo muita coisa passar, mesmo estando com vontade de concretizá-las. Comprar um livro, tirar uma xérox, ir à dermatologista; coisas reles mesmo, que, apesar de reles, apenas refletem o meu descompromisso com a minha própria vontade. Hoje acordei pensando nisso, e talvez a incidência de um pensamento possa ser o feto da mudança, né?
Há dois dias eu cismei que ia cortar o cabelo. Muitas pessoas foram contra, falaram que tava bonito grande, e só uma menina - que também lê este blog e o corte se deve, um tanto, pela força dela - foi favorável à minha idéia. Fiquei nesse chove-não-molha, até tomar a decisão e decidir pela vontade. Sim, a vontade venceu o cansaço! Mas e se tivesse perdido? E se eu não tivesse cortado? Bom, isto só as mechas - que não foram poucas - espalhadas pelo chão do salão da Vanda, que é quase uma tia, podem dizer, ou se lamentar a respeito. Acontece que foi uma mudança legal, tava mesmo precisando disso, uma repaginada. Literalmente, um peso foi embora.
Acredito que a gente deixa, voluntariamente, oportunidades únicas escaparem pelos dedos, simplesmente por ter preguiça ou medo. É essa poeira que se aloja sobre a nossa própria vontade que acaba asfixiando qualquer mudança realmente significativa. Daqui pra frente, tentarei fazer o máximo possível das minhas próprias vontades, juro a mim mesma. Não quero que minhas vontades, ainda que momentâneas, se reduzam a desejos cristalizados - e irrealizados - até se perderem no tempo. Tirando as vontades meio doidas - de me matar, de querer terminar com o Jefferson por briguinhas simples, de fugir de casa, entre um sem número de outras - acho que quase toda vontade está no limiar da concretização. Esse próprio post é um exemplo disso. Comecei a pensar no que escreveria, e antes que as idéias me fugissem, tratei de pô-las num papel, porque estava com vontade e, se eu deixasse passar, este post não existiria. E é por isso que pra mim, chega da velha máxima de que "vontade dá e passa". Pelo menos agora, a vontade dá, sim; mas só vai passar depois que eu torná-la concreta.
segunda-feira, 11 de agosto de 2008
Engraçado
Lembro quando pisei na UFF pela primeira vez, há aproximadamente uns dois anos. Do meu pai conversando comigo no ponto de ônibus, me desejando boa sorte e me advertindo juízo. De cara, achei que fosse a maior universidade do mundo. Fiquei realmente embevecida não só pelo tamanho dela, mas por todo o resto: o sol batendo nas janelas, os sorrisos dos veteranos, os cabelos vermelho-sangue das meninas, a convidativa e informal atmosfera universitária federal. Eu era só mais uma vestibulanda, igual a centenas de outras que deviam estar em algum lugar por ali, espreitando por trás das pilastras.
Vício de retina. Transcorrido o primeiro mês, a gigante UFF já não era mais tão gigante assim - metafórica e dimensionalmente falando - bem como os outrora pedestalizados veteranos eram tão de osso e carne quanto eu. Fiz amizades. Fumei uns cigarros. Sofri a dor e a delícia do meu trote. E fotos. Em pouco tempo, comecei a transformar a UFF e a UFF começou a me transformar também; porque a passagem, ainda que ligeira por esta grande universidade tem um imenso potencial transformador tanto em você quanto nela. E essa troca (acredito) majoritariamente positiva, foi deixando a UFF com a cara do meu quarto.
Hoje eu sou veterana, ou, como os "verdadeiros" veteranos costumam chamar, "caloura sustenida", porque estou no segundo período. Já acho tudo tão ordinariamente normal como se tivesse nascido e sido criada entre esses blocos que escondem tantas cenas, tantos segredos. Mas confesso que sou assaltada pela surpresa quando, por vezes, vejo tendas enormes armadas no campus, o movimento estudantil mostrando sua força, os estudantes lutando por um ensino e instituição públicos de qualidade. Isso me orgulha muito. E as choppadas. Ah, as choppadas. Ainda não fui a nenhuma, até porque não bebo (cerveja). Mas, pelo que dizem...
A única certeza da minha vida é que tenho muito o que aprender. E sempre terei.
Vício de retina. Transcorrido o primeiro mês, a gigante UFF já não era mais tão gigante assim - metafórica e dimensionalmente falando - bem como os outrora pedestalizados veteranos eram tão de osso e carne quanto eu. Fiz amizades. Fumei uns cigarros. Sofri a dor e a delícia do meu trote. E fotos. Em pouco tempo, comecei a transformar a UFF e a UFF começou a me transformar também; porque a passagem, ainda que ligeira por esta grande universidade tem um imenso potencial transformador tanto em você quanto nela. E essa troca (acredito) majoritariamente positiva, foi deixando a UFF com a cara do meu quarto.
Hoje eu sou veterana, ou, como os "verdadeiros" veteranos costumam chamar, "caloura sustenida", porque estou no segundo período. Já acho tudo tão ordinariamente normal como se tivesse nascido e sido criada entre esses blocos que escondem tantas cenas, tantos segredos. Mas confesso que sou assaltada pela surpresa quando, por vezes, vejo tendas enormes armadas no campus, o movimento estudantil mostrando sua força, os estudantes lutando por um ensino e instituição públicos de qualidade. Isso me orgulha muito. E as choppadas. Ah, as choppadas. Ainda não fui a nenhuma, até porque não bebo (cerveja). Mas, pelo que dizem...
A única certeza da minha vida é que tenho muito o que aprender. E sempre terei.
domingo, 10 de agosto de 2008
Sexo no espelho
Amo o espelho. Ele é o meu amigo ou amante mais sincero, e meu namorado devia morrer de ciúmes dele.
Sempre me encontro no espelho. Antes de sair, antes de tomar banho, quando acordo ele é o primeiro a me dar bom dia. E também faço muito sexo no espelho. Muito mesmo. Registro o nosso amor em fotos. Sessões de cinqüenta, de cem, e livre do julgamento inquisitório da sociedade, as ditas-cujas moram numa pasta secreta no meu computador.
O espelho me conhece mais que ninguém. Ele é quem sabe de todas as imperfeições - que são muitas - que em mim se instalaram; seja pela falta de tempo ou excesso dele. Os melhores ouvintes são sempre os mudos, e o meu caso com o espelho é o casamento perfeito. A gente briga e se entende, como qualquer casal em harmonia, só que não somos exatamente um casal. Somos só eu e o outro lado, límpido e impregnado de mim, e acima de tudo, de vaidade. A vaidade é uma das maiores regentes do meu ego: mesmo sendo fisicamente desfavorecida em relação ao padrão social no qual eu estou inserida, a vaidade está instalada em mim como um vírus mortal. E é por isso que copiosamente eu transo - MESMO - com o meu espelho. Transo, faço amor, uso-o, maltrato-o. Vai muito do meu humor.
Tem dias que olhar no fundo dos olhos do espelho me traz força. Sinto-me até mais segura dos passos que dou na rua com uma boa encarada no espelho. Posso quase sentir o tapinha que ele me dá na lateral esquerda das costas, aquele "boa sorte" quando um amigo sai da sua casa. O espelho é um bom amigo, mas às vezes seu silêncio me irrita e me enche de dúvidas. "Vou com essa roupa?" "Vou com aquela?" "Vou com essa cara, vou com qual cara?" "Vou, não vou?" e diante disso o espelho se cala, como se nem estivesse lá, me abandonando à própria sorte no meu reflexo que nele se imprime, vazio.
Minha relação com o espelho é toda calcada na superestimação do meu eu. No meu egoísmo físico. E às vezes isso me lança à uma berlinda. Eu sou egoísta?
Creio piamente que, se o meu espelho fosse homem, ou ele seria o maior dos gays ou o melhor dos amantes.
Sempre me encontro no espelho. Antes de sair, antes de tomar banho, quando acordo ele é o primeiro a me dar bom dia. E também faço muito sexo no espelho. Muito mesmo. Registro o nosso amor em fotos. Sessões de cinqüenta, de cem, e livre do julgamento inquisitório da sociedade, as ditas-cujas moram numa pasta secreta no meu computador.
O espelho me conhece mais que ninguém. Ele é quem sabe de todas as imperfeições - que são muitas - que em mim se instalaram; seja pela falta de tempo ou excesso dele. Os melhores ouvintes são sempre os mudos, e o meu caso com o espelho é o casamento perfeito. A gente briga e se entende, como qualquer casal em harmonia, só que não somos exatamente um casal. Somos só eu e o outro lado, límpido e impregnado de mim, e acima de tudo, de vaidade. A vaidade é uma das maiores regentes do meu ego: mesmo sendo fisicamente desfavorecida em relação ao padrão social no qual eu estou inserida, a vaidade está instalada em mim como um vírus mortal. E é por isso que copiosamente eu transo - MESMO - com o meu espelho. Transo, faço amor, uso-o, maltrato-o. Vai muito do meu humor.
Tem dias que olhar no fundo dos olhos do espelho me traz força. Sinto-me até mais segura dos passos que dou na rua com uma boa encarada no espelho. Posso quase sentir o tapinha que ele me dá na lateral esquerda das costas, aquele "boa sorte" quando um amigo sai da sua casa. O espelho é um bom amigo, mas às vezes seu silêncio me irrita e me enche de dúvidas. "Vou com essa roupa?" "Vou com aquela?" "Vou com essa cara, vou com qual cara?" "Vou, não vou?" e diante disso o espelho se cala, como se nem estivesse lá, me abandonando à própria sorte no meu reflexo que nele se imprime, vazio.
Minha relação com o espelho é toda calcada na superestimação do meu eu. No meu egoísmo físico. E às vezes isso me lança à uma berlinda. Eu sou egoísta?
Creio piamente que, se o meu espelho fosse homem, ou ele seria o maior dos gays ou o melhor dos amantes.
Os hábitos dos outros
Meu vizinho tem o costume de fumar pelo menos um cigarro na garagem às escondidas. Minha mãe toma um copo d'água bem gelado em jejum pela manhã religiosamente. Minha irmã Luana sempre entra na comunidade do botafogo no orkut e troca várias idéias com pessoas que nunca viu pessoalmente. Meu pai, muito freqüentemente nos fins de semana liga sua caixa de som na garagem de casa e ouve (alto) suas músicas prediletas; majoritariamente o soul setentista. Sempre que chego à casa da minha avó Yolanda, ela está assistindo a programação da Canção Nova, uma emissora de TV católica. Meu namorado gosta de me morder.
Tem horas que eu paro e fico olhando pra eles. Que costumes, que jeito, que caras. Em cada milésimo de segundo mora uma expressão que é a marca registrada de cada um, pessoal e intransferível. E não raro estranho os hábitos dos outros. Aliás, acho que a gente metade acostuma, metade se questiona porque as pessoas agem como bem entendem. Principalmente quando o jeito delas em tanto difere do nosso.
Como eu já disse, até me habituei com a água em jejum de mamãe. Com as presepadas (que não consigo ficar sem) do meu tio Lizinho; ou do idioma piriguetês da minha melhor amiga, Elisa. Essas excentricidades, aos nossos olhos, servem para equilibrar nosso próprio universo. Afinal, não seria nada legal ou interessante conviver com pessoas exatamente iguais a nós, e isso é tão clichê de dizer que até cansa. Mas, em verdade, essas coisas, tão fora do meu eixo, fazem a graça dos meus dias.
Tem horas que eu paro e fico olhando pra eles. Que costumes, que jeito, que caras. Em cada milésimo de segundo mora uma expressão que é a marca registrada de cada um, pessoal e intransferível. E não raro estranho os hábitos dos outros. Aliás, acho que a gente metade acostuma, metade se questiona porque as pessoas agem como bem entendem. Principalmente quando o jeito delas em tanto difere do nosso.
Como eu já disse, até me habituei com a água em jejum de mamãe. Com as presepadas (que não consigo ficar sem) do meu tio Lizinho; ou do idioma piriguetês da minha melhor amiga, Elisa. Essas excentricidades, aos nossos olhos, servem para equilibrar nosso próprio universo. Afinal, não seria nada legal ou interessante conviver com pessoas exatamente iguais a nós, e isso é tão clichê de dizer que até cansa. Mas, em verdade, essas coisas, tão fora do meu eixo, fazem a graça dos meus dias.
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